princípios

Princípio vem do latim principium, começo. O conceito corresponde ao que os gregos denominavam arche: aquilo a partir do que algo se determina para o que é e como é. Princípio: o fundamento sobre o qual algo se estabelece, por meio do qual ele é transpassado de modo dominante e dirigido em toda a sua estrutura e essência. Também tomamos os princípios como proposições fundamentais. Mas proposições fundamentais só são “princípios” de maneira derivada, ou seja, porque e na medida em que elas colocam algo como fundamento para um outro em uma proposição. Uma proposição como proposição nunca pode ser um princípio. [N1]


Consequentemente, a explicação sistemática do ser do ente, isto é, da objetividade do objeto da experiência, somente pode realizar-se conforme princípios. Nesta situação reside a razão por que, através de Hegel, no caminho aberto por Fichte e Schelling, “a ciência da lógica” se transforma em dialética, num movimento de princípios que circula em si mesmo, sendo ele mesmo a absolutidade do ser. Kant introduz a “representação sistemática de todos os princípios sintéticos” do entendimento puro com a seguinte proposição (A 158-59, B 197-98): “O fato de em geral se encontrarem princípios em alguma parte é devido, unicamente, ao entendimento puro; pois ele não é somente o poder das regras em referência ao que acontece, mas ele próprio é a fonte dos princípios e é ele que obriga tudo que somente se pode apresentar a nós como objeto a se submeter às regras, porque, sem estas regras, os fenômenos não forneceriam jamais o conhecimento de um objeto que lhes corresponde”. A TESE DE KANT SOBRE O SER


Conforme sua forma e papel tradicionais, o princípio da razão ficou prisioneiro da exteriorização, que traz consigo necessariamente uma primeira clarificação de tudo “que possui caráter de princípio”. Pois também o proclamar uma proporção como “princípio” e, porventura, juntá-la com o princípio de identidade e o de não-contradição ou mesmo dele deduzi-lo não conduz para a origem, mas se assemelha a um corte de todo o questionamento posterior. Aqui é preciso atentar, além disso, para o fato de que os princípios de identidade e de não contradição não são também apenas transcendentais, mas apontam para trás, para algo mais originário, que não possui caráter proposicional, e que muito antes faz parte do acontecer da transcendência como tal (temporalidade). [MHeidegger SOBRE A ESSÊNCIA DO FUNDAMENTO]