McNeill (2006:8-11) – ser do equipamento e ser do órgão

destaque

(…) devido à sua capacidade de auto-produção, auto-renovação e autorregulação, o organismo deve ter dentro de si uma força ativa específica ou um agente vital, uma “entelequia”. Esta conclusão, insiste Heidegger, encerra o problema da essência da vida. Pois implica algum tipo de causa eficiente que origina e controla o movimento e o desenvolvimento do organismo, produzindo os seus órgãos (Heidegger fala de uma “agência eficaz” ou “fator causal”, um Wirken ou Wirkungsmoment [GA29-30:325-26]). É questionável, de fato, se podemos falar de uma produção de órgãos por parte do organismo. Pois os órgãos não são produzidos da mesma forma que um equipamento é aprontado. Heidegger sublinha o carácter independente da coisa produzida, por oposição a um órgão vivo, emergente ou em vias de desaparecimento, apontando a sua diferente relação com o tempo. No caso, por exemplo, de um martelo, é de certa forma indiferente quanto tempo o martelo está efetivamente presente ou quando é destruído. No caso de um organismo como um organismo protoplasmático, o momento em que os órgãos aparecem é, pelo contrário, crítico. Na criatura protoplasmática, cada órgão aparece como e quando é necessário. Os órgãos estão ligados (9) à duração e ao tempo da vida, o tempo do próprio organismo vivo, e não, em primeira instância, a um tempo objetivamente determinável (o tempo de algo presente). Os órgãos estão ligados ao tempo de vida e ao processo de vida do organismo, à sua capacidade de viver.

original

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

Designed with WordPress