McNeill (1999:11) – o extraordinário [Ungehere]

Tradução

(…) O saber como ter-visto é descrito como uma preservação da obra, um deixar-ser, uma capacidade de “deixar a obra ser uma obra”; significa tanto uma abertura para o ser como um não encobrimento, como assumir uma posição dentro daquilo a que Heidegger chama das Ungeheure deste des-encobrimento, tal como ocorre na obra (GA5, 54-55).

O que é das Ungeheure, o “extraordinário”? Voltaremos a encontrá-lo. A título de antecipação, podemos já suspeitar que anuncia uma abertura à alteridade, a uma alteridade talvez não pensada — ou imprevista — na tradição filosófica até à data. Em contraste com o afastamento das preocupações mundanas que veio a caraterizar a theoria dos filósofos, “A Origem da Obra de Arte”, que se ocupa principalmente da “grande” obra de arte, isto é, do papel da obra de arte para além da sua despromoção filosófico-política (tal como a encontramos na República de Platão), enfatiza a relação da obra com o mundo, o modo como a obra “abre” um mundo e uma visão do mundo, dando às coisas o seu “rosto” e aos seres humanos a sua “perspectiva” sobre si mesmos (GA5, 32).

Original

[MCNEILL, William. The Glance of the Eye. Heidegger, Aristotle, and the Ends of Theory. New York: SUNY, 1999, p. 11]

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

Designed with WordPress