destaque
A imagem verbal é uma “projeção” da ação do homem — como desdobramento da energia vital, a força viva que o constitui e individualiza. Esta relação entre a individualidade ativa dos seres e o estatuto primário da ação verbal é precisamente o que une a filosofia estoica e a gramática. “Cada indivíduo — escreve E. Bréhier no seu relato do estoicismo antigo — é concebido à imagem de um ser vivo com o seu próprio princípio de atividade. Onde quer que haja atividade, os estoicos colocam um sopro (pneuma).” A qualidade própria de um ser é ativa e a ação que o constitui é uma tensão, um tonos. Aos olhos dos estoicos, tal como a forma informa diretamente a matéria sem necessidade de outro agente que não ela própria, porque é “a força ativa que contém as partes do ser”, a primeira forma verbal, a forma verbal por excelência, é uma tensão. Para eles, o processo expresso por um verbo caracteriza-se, antes de mais, por uma tensão interna, como o atestam dois fatos: a sua classificação das formas verbais baseia-se, antes de mais, na distinção entre aspectos e não entre tempos verbais, e as diferenças de aspectos são as de tensões de duração.
original
(…) L’image verbale est une « projection » de l’action de l’homme — comme déploiement de l’énergie vitale, de la force vive qui le constitue et l’individualise. Ce rapport entre l’individualité active des êtres et le statut premier de l’action verbale est justement ce qui fait l’unité de la philosophie et de la grammaire stoïciennes. « Chaque individu — écrit E. Bréhier dans son exposé de l’ancien stoïcisme — est conçu à l’image d’un vivant ayant en lui son principe d’activité. Partout où il y a activité, les Stoïciens placent un souffle (πνεύμα). » 1 La qualité propre d’un être est active et l’action qui la constitue est une tension, un τόνος. Au regard des Stoïciens, de même que la forme informe directement la matière sans qu’il soit besoin d’un autre agent qu’elle-même parce qu’elle est « la force active qui contient les parties de l’être » 2, la première forme verbale, la forme verbale par excellence, est une tension. Que pour eux le procès exprimé par un verbe se caractérise d’abord comme tension interne, deux faits l’attestent : leur classification des formes verbales repose en priorité sur la distinction des aspects et non des temps et les différences d’aspects sont celles de tensions de durée.