(Der) Wert é “valor”; wert significa “que vale (p.ex. algo, nada), útil”; werten é “estimar, taxar, avaliar”. Gelten já foi “pagar (p.ex. taxas, tributos), cumprir (p.ex. penitências), consagrar, dedicar”, tendo atualmente a conotação de “ser válido vigente, efetivo (certificados, leis, moedas etc.)”. O participio presente geltend significa “válido etc.”, assim como o adjetivo gultig. Geltung também já significou “pagamento de uma dívida” em um contexto religioso ou social, dizendo agora, sobretudo, “validade”. Wert e Geltung receberam proeminência filosófica com Lotze. Seu argumento é de que, assim como proposições e teorias científicas baseiam-se em “fatos” sendo por eles validados, também nossas convicções práticas baseiam-se e são validadas por “valores”. Brentano, Scheler, Hartmann e neokantianos tais como Windelband e Rickert desenvolveram a ideia de uma ética de valores, em oposição à ética do dever de Kant. Nem todos os valores são éticos: os valores básicos são “o verdadeiro, o bom e o belo” (GA21, 83). A “filosofia-do-valor” abarca nossos interesses teóricos assim como os práticos e os estéticos, já que a própria verdade é um valor (GA17, 125; GA20, 42; GA21, 82). Um valor implica um “ter de”, um Sollen: se a generosidade é um valor, então nós temos de ser generosos. Mas um valor não gera automaticamente uma obrigação incondicional de promovê-lo, já que diferentes valores frequentemente entram em conflito. Se devem guiar nossas ações, os valores precisam ser hierarquizados. Hartmann distinguiu uma hierarquia “empírica” de valores, os valores reconhecidos por um dado indivíduo, grupo ou sociedade e a ordem na qual eles os posicionam, da hierarquia “ideal”, a ordem que os valores possuem intrinsecamente, independentemente do que povos particulares pensem deles. A Umwertung aller Werte de Nietzsche, a “transvaloração de todos os valores”, relaciona-se mais aos valores “empíricos” do que aos “ideais”: os valores antigos — objetividade, compaixão, verdade etc. — foram desvalorizados, perderam nossa adesão; os valores antigos foram desmascarados e mostrados como disfarces da vontade de poder; eles são substituídos por valores novos, desvinculados da moralidade como saúde, beleza etc. (Inwood, MIDH)