Krell (1991:174-176) – amor e morte

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Segundo Aristóteles, homens e mulheres partilham o destino de habitar no cosmos inferior, abaixo do círculo da lua, sob a eclítica do sol. Por isso estão sujeitos a períodos de fertilidade e de frigidez, de genesis e de phthora, os arrebatamentos do tempo finito. Considerados como indivíduos, homens e mulheres não duram para sempre. Só quando são vistos como um “genus” que “gera” uma semelhança de si próprio é que o homem e a mulher participam na perenidade. O fato de serem moldados no molde do amor é simultaneamente um sintoma da incapacidade da sua ascensão para durar para sempre e a constatação irônica da forma como são para sempre. Aos olhos de Aristóteles, essa forma possui uma grandeza que se irradia até às bordas das estrelas e se reflete de novo. Por que razão e como, no desenvolvimento da ontologia cristã, essa visão deve mudar, por que razão Hegel deve, no final, ridicularizar a geração como schlechte Unendlichkeit (Enz, secção 370), por que razão Eros deve ser envenenado e, em vez de morrer, degenera em vício (Nietzsche, SII, 639), por que razão as formas do homem e da mulher deve se reduzir à “figura decomposta da humanidade”, são questões que ainda têm de ser colocadas. Responder a elas pode exigir um novo tipo de pensamento, um tipo que apenas posso sugerir aqui.

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Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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