Jacques English (2002) – imaginação, em Husserl

(JEVH) – Phantasie, Einbildung

O vocabulário alemão correspondente à segunda modalidade intencional, ou seja, aquela que designamos, em francês, pelo único termo imaginação, não poderia deixar de apresentar enormes dificuldades aos tradutores, já que Husserl, sempre que tratou dela, utilizou todos os recursos oferecidos pelas duas séries de termos formados a partir de uma etimologia grega, com Phantasie, e de uma etimologia germânica, com Bild, sem falar de uma terceira, de origem latina, com Imagination, muito menos característica, no entanto, do que as duas primeiras. Pois estas remetem imediatamente, de maneira facilmente reconhecível, a fases distintas do imenso percurso em anel que esse segundo modo da intencionalidade deve seguir transversalmente, devido à sua posição verticalmente fundamentada, e não mais fundamentadora [61] (como a ocupada pelo primeiro modo, o perceptivo), sendo necessariamente deslocado, ele, para além de si mesmo, em direção a correlatos transintencionais, que não são e nunca poderão ser simplesmente coisas. E, como o francês não dispõe de meios para marcar bem esses descompassos nas etapas do périplo em que a intencionalidade deve então se engajar, o melhor será, portanto, que reconstituamos aqui os diferentes momentos circulares, para situar assim cada um dos termos precisos empregados por Husserl no sistema topológico em que intervém, tanto mais que as numerosas possibilidades de prefixação e sufixação oferecidas pelo alemão tornam sua tradução ainda mais difícil.

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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