No que se refere ao conhecimento do ser em geral, diz Leibniz em Nouveaux Essais (Livro I, cap. 1 § 23); Et je voudrois bien savoir, comment nous pourrions avoir l’idée de l’estre, si nous n’estions des Estres nous mêmes, et ne trouvions ainsi l’estre en nous (cf. também § 21, bem como Monadologia, § 30). Também aqui são juntados ser e subjetividade [Sein und Subjektivität], ainda que equivocamente. Não teríamos a ideia de ser se nós mesmos não fôssemos entes e não encontrássemos o ente em nós.
É claro que nós devemos ser — pensa Leibniz — para podermos possuir a ideia de ser. Dito metafisicamente: constitui justamente essência o fato de não podermos ser aquilo que somos sem a ideia do ser. A compreensão é constitutiva para o ser-aí [Seinsverständnis ist konstitutiv für das Dasein] (Discours, § 27).
Disto, porém, não se segue que cheguemos à ideia do ser pela volta sobre nós mesmos enquanto entes.
Nós mesmos somos a fonte [Quelle] da ideia de ser. — Mas esta fonte deve ser entendida como a transcendência do ser-aí ek-stático [Transzendenz des ekstatischen Daseins]. É somente no fundamento da transcendência [Grunde der Transzendenz] que se dá a articulação dos diversos modos de ser. Um problema difícil e último é a determinação [Bestimmung] da ideia de ser como tal. [MHeidegger:210; GA9:89]