Henry (1965/2012) – o corpo é “histórico”

O homem não é essencialmente um ser histórico. Ele é sempre o mesmo. Tudo o que há de “profundo” nele — e com isso não pretendemos formular nenhuma apreciação de ordem axiológica, mas designamos o que deve ser considerado originário do ponto de vista ontológico — persiste idêntico a si mesmo e é encontrado ao longo dos séculos. É porque se apoia sobre um solo ontológico e se refere a poderes ontológicos que a moral, por sua vez, apresenta essa permanência que é a sua, e que, como diz Kierkegaard, cada geração se vê em presença da mesma tarefa que a geração anterior. Dir-se-á, já que se trata aqui do corpo, que, mesmo que admitamos nossa redução e abstraiamos de toda evolução biológica em terceira pessoa, o corpo humano se oferece ao homem com características que variam ao longo da história, características que se traduzem, por exemplo, nos hábitos tão diversos concernentes à alimentação, ao vestuário, à sexualidade, assim como nos numerosos “modos” a eles relacionados. Não se trata aí, porém, do corpo originário, mas das diferentes maneiras, para o homem, de representar esse corpo e se comportar em relação a ele. O que é histórico são os objetos culturais ou humanos, e as diferentes atitudes humanas a eles relacionados. No entanto, o solo ontológico que funda a ambos permanece indiferente a essa evolução; esta sempre pressupõe aquele. (MH2012)

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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