Haugeland (2013:4-6) – o impessoal [das Man]

destaque

Imagine uma comunidade de criaturas versáteis e interactivas, não especificadas de outra forma, exceto que são conformistas. “Conformismo” aqui significa não apenas imitatividade (macaco vê, macaco faz) mas também censura — isto é, uma tendência positiva para ver que os vizinhos fazem o mesmo e para suprimir a variação. Isto deve ser pensado como uma disposição comportamental complicada, que as criaturas têm por natureza (“ligada”). Pressupõe nelas uma capacidade de reagir diferentemente (por exemplo, percepção) e também algum poder de alterar as disposições umas das outras de forma mais ou menos permanente (comparar reforço, punição, etc.). Mas não pressupõe pensamento, raciocínio, linguagem ou qualquer outra faculdade “superior”.

(…)

O conjunto total de normas para uma comunidade em conformismo determina em grande medida as disposições comportamentais de cada membro não desviante; de fato, define o que é ser um membro “normal” da comunidade. Heidegger chama a este conjunto o impessoal (das Man; ver, por exemplo, SZ 126f, 194, e 288).

Ao contrário de uma dispersão de rebanhos, a pessoa é elaboradamente organizada e estruturada porque as normas que a compõem são altamente interdependentes. É crucial que o que é normalizado não seja, estritamente falando, instâncias reais de comportamento, mas sim disposições para se comportar, dependendo das circunstâncias. Assim, as normas têm uma espécie de estrutura “se-então”, ligando vários tipos de circunstâncias a vários tipos de comportamento. Segue-se que a comunidade de conformidade (nas respostas diferenciais de comportamento normal e censura normal) deve efetivamente categorizar tanto o comportamento como as circunstâncias comportamentais em vários tipos distintos. Dizemos que o impessoal (das Man) institui esses tipos.

original

  1. Conformism is deeply related to the crucial notion of “falling”·, compare also the discussion of “Sorge um . . . Abstand” (SZ 126). Abbreviations for Heidegger’s texts are listed in References.[↩]
  2. Haugeland almost invariably used abbreviations within the text for citations to the German pagination of Heidegger’s books. I have preserved that practice, with a list of the abbreviations at the beginning of the list of references at the end of the book.—Ed.[↩]
  3. Haugeland’s later view (see later, especially “Truth and Finitude”) takes the “anyone” only to be the pivotal notion of division I; the linked accounts of death, conscience, guilt/responsibility, and resoluteness that comprise the possibility of “owned” (eigentlich existence become the core of the book.—Ed.[↩]
Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

Designed with WordPress