Heidegger dá prioridade expressa à dimensão do futuro (BTMR, 372), como Zukunft, o ser-a-vir. O presentar não pode ter primazia na expressão dos movimentos da existência do Dasein. O futuro, como um ser-a-vir, tem primazia, mas sempre em meio ao passado como ser-sido (que é uma maneira formal de expressar o círculo hermenêutico). O futuro não é uma esfera separada em si mesma; a possibilidade é sempre parcialmente moldada pela herança do Dasein. O ponto crucial é que o presentar é um movimento que não pode ser seu próprio fundamento; ele é sempre retentivo e protentivo (como lembrança e antecipação), sempre carregado com o passado e prenhe de futuro, sempre um “desde” e um “para”. Desta forma, o Dasein e o ser nunca podem ser entendidos como uma presença constante (expressa como verdades eternas ou condições fixas), porque todo presentar está saturado com a presença de ausências: O “para” do futuro é o incerto ainda por vir, e o “dese” passado é um lançamento (ser-jogado) que não é de nossa própria autoria (nascimento, herança, influências). A temporalidade do Dasein envolve a permanência ekstática nessa finitude fluida.
(HATAB, Lawrence. Ethics and Finitude: heideggerian contribution to moral philosophy. New York: Rowman ; Littlefield Publishers, 2000)