Greisch (1994:§30) – Fürchten selbst – o ter-medo ele mesmo

nossa tradução

O “ter medo” ele mesmo. Ele corresponde, de certo modo, ao polo “sujeito” da experiência intencional. Contrariamente a toda uma tradição racionalista, Heidegger evita falar em imaginação ou fantasia. De fato, essa terminologia leva quase necessariamente a uma depreciação ontológica do afeto em questão. O medo distorce a realidade, daí a necessidade de “manter a cabeça fria” em todas as circunstâncias. Se seguirmos Heidegger, devemos conceder ao medo um poder heurístico de descoberta que lhe é próprio. O medo está a serviço da circunspecção (Umsicht). Podemos ilustrar isso pela tese de Hans Jonas, que atribui ao medo um “poder heurístico” específico. Longe de nos apresentar uma visão caricaturada da realidade futura (o que obviamente acontece se for um medo “patológico”), pode nos ensinar a ver o futuro mais corretamente, quer dizer, a vê-lo como é “objetivamente”, um futuro “formidável” em muitos aspectos.

Original

  1. Cf. Hans Jonas, Le principe responsabilité. Une éthique pour la civilisation technologique, trad. J. Greisch, Paris, Ed. du Cerf, 1990, p. 300-302.[↩]
Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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