Então, o que Heidegger realmente quer dizer com essa noção inescrutável de quadratura (Geviert)? O melhor lugar para procurar uma resposta é certamente “Einblick in das, was ist” (GA79). Embora muito barulho tenha sido feito sobre o lançamento do centenário do Beiträge zur Philosophie (GA65) de Heidegger em 1989 (um fólio intrigante, mas bastante desorganizado), muito pouca celebração acompanhou a publicação bombástica do ensaio “Einblick” em 1994. Certamente é esse último trabalho, e não o Beiträge, que tem a melhor pretensão de receber o título de segunda obra-prima de Heidegger. Embora essa possa ser uma visão não convencional, ela se tornaria instantaneamente a opinião da maioria se o tema da quadratura fosse tido em alta estima (o que não é o caso atualmente). Não há dúvida de que algo novo e empolgante está em andamento na palestra “Einblick”, mesmo que parte dela seja uma simples reformulação de percepções disponíveis em trabalhos anteriores com um pouco de pesquisa.
O tema central de “Einblick” é a coisa, que, na visão de Heidegger, nunca foi compreendida em sua realidade. Na história da filosofia, afirma ele, a coisa sempre foi compreendida de um ponto de vista externo, como algo produzido, representado ou definido: “Por essa razão, Platão, que representa a presença do que vem à presença do ponto de vista de sua aparência, pensou a essência da coisa tão pouco quanto Aristóteles e todos os pensadores posteriores.” E quando se trata da questão da coisa, o desafio oferecido por Heidegger a Platão, Aristóteles, ‘e todos os pensadores posteriores’, nada mais é do que a ignorada e ridicularizada quadratura. Independentemente do que se possa pensar dos meus esforços futuros para lançar alguma luz inicial sobre {das Geviert}, não devemos deixar de registrar o que já é óbvio. Com sua queixa inicial de que todos, de Platão e Aristóteles em diante, reduziram a coisa à presença e à aparência, Heidegger está permitindo que o objeto quádruplo lidere seus novos esforços para superar a história da metafísica.