Gadamer (VM): sinal

um sinal não é nada mais do que aquilo que exige a sua função; e essa é a de referir de si para outra coisa. Para poder preencher essa função, é preciso que, de início, ele atraia a atenção para si. Tem de chamar a atenção, ou seja, tem de destacar-se nitidamente e apresentar-se no seu conteúdo referencial — como um cartaz. No entanto, nem um sinal e nem um cartaz são um quadro. Não irá atrair a si, a ponto que alguém se demore olhando-o, pois deve proporcionar apenas algo momentaneamente, que não está presente, e isso de tal modo, que apenas o não presente é aquilo a que se tem em mente. Não tem o direito, portanto, de nos convidar, através de seu próprio conteúdo de quadro, a nos demorarmos. A mesma coisa vale para todos os sinais, p. ex., para sinais de trânsito ou para sinais indicativos e similares. Também estes têm algo esquemático e abstrato, porque não querem mostrar-se a si mesmos, mas sim o não-presente, p. ex., a próxima curva ou a página até onde o livro já foi lido. (Mesmo com relação a sinais naturais, p. ex., prenúncios do temporal vale o fato de que só possuem a sua função de referência através da abstração. Quando nós, ao olharmos para o céu, nos sentimos tomados, por exemplo, pela beleza de um fenômeno celeste e nos demoramos admirando-o, experimentamos um deslocamento de intenção, que faz recuar o seu ser de sinal.) (Gadamer Verdade e Método I)