Um fato primitivo por meio do qual todo o resto se tornaria claro, e que, portanto, seria necessário, para começar, descobrir?
Essa era a opinião de Maine de Biran: “não pode haver vários fatos da mesma ordem na origem de uma ciência” (cf. Delbos, Maine de Biran et son œuvre philosophique, Vrin, 1931, p. 210). Da mesma forma, Schopenhauer e Nietzsche, que vê a Vontade de Poder como “o fato supremo ao qual podemos descender”. Fichte, finalmente: pois a existência de uma pluralidade de princípios ou fatos primitivos comprometeria definitivamente (276) o valor da filosofia e a unidade do conhecimento. Mas o que é um fato?
Para Fichte, um fato é aquilo que não precisa de raciocínio para ser considerado verdadeiro: “uma proposição dessa natureza só pode ser a expressão de um fato” (Xavier Léon, Fichte et son temps, A. Colin, 1922, t. I, p. 221).
Para Maine de Biran, o fato é o que experimentamos dentro ou fora de nós mesmos; “envolve necessariamente a relação entre um sujeito que percebe e um objeto que é percebido” (Delbos, op. cit., p. 209). Aqui está, então, a questão em um novo estado de fluxo.
(GABORIAU, F. L’Entrée en métaphysique: orientations. Bruxelas: Casterman, 1962)