Assim, o titulo consciência se tornou uma representação fundamental da filosofia moderna. Mesmo a fenomenologia de Husserl pertence a isso. Ela é a descrição da consciência. Husserl acrescentou apenas como elemento novo a intencionalidade. Em certo aspecto, a intencionalidade já tinha sido vista pelo professor de Husserl, por Brentano.
Intencionalidade significa: toda consciência é consciência de algo, está dirigida para algo. Não se tem nenhuma representação, mas se representa. Representar tornar presente; o “re” = de volta a mim. Repraesentatio — o para mim de volta, presentificar para mim, por mais que eu mesmo certamente não me represente expressamente.
Nisso reside a possibilidade de que esse “re-” (= presentificar de volta para mim) se torne expressamente tema, a ligação comigo: o eu é determinado, então, como representador. Ser autoconsciente, por mais que o si mesmo não precise se tornar expressamente temático. Essa é a estrutura fundamental mais universal ou — no sentido husserliano a consciência de algo.
(HEIDEGGER, Martin. Seminários de Zollikon. Organizado por Peter Trawny. Traduzido por Marco Casanova. Rio de Janeiro: Via Verita, 2021)