Casanova
O entendimento vulgar só consegue ver e apreender o que se encontra na frente de seus olhos. Assim, ele quer sempre prosseguir em linha reta, passando da coisa mais próxima a que lhe é imediatamente posterior. As pessoas chamam isto de progresso. No interior de um movimento circular, o entendimento vulgar também só vê à sua maneira: ele se movimenta em uma linha circular e toma o andar por sobre o círculo como um andar em frente, até que de repente se depara com o retomo ao ponto de partida. Neste momento, ele fica, então, parado em aporia porque não há aí nenhum progresso. Mas porque o progresso é o critério de apreensão próprio ao entendimento vulgar, todo e qualquer curso circular é desde o princípio uma objeção, um sinal de impossibilidade. O fatídico é que mesmo na filosofia se opera com este argumento do movimento circular. Este argumento é o sinal da tendência de rebaixar a filosofia ao nível do entendimento vulgar.
O movimento circular próprio à filosofia não encontra o seu elemento essencial no fato de andar ao longo de uma periferia e de retomar à posição inicial. Ao contrário, ele o encontra no olhar para o centro, que só é possível no curso circular. O meio e o fundo só se abrem como o centro no e para um círculo em torno de si. A este traço circular do pensamento íilosofante está ligada a ambiguidade, que não se pode colocar de lado e que ainda menos se deixa equilibrar através da dialética. E característico que sempre reencontremos na filosofia e em sua história, por fim mesmo em uma forma grandiosa e genial, a tentativa de equilibrar esta circularidade e esta ambiguidade do pensamento filosófico por sobre o caminho de uma dialética. Toda dialética na filosofia, no entanto, é a expressão de um impasse. (2011, p. 241-212)
McNeill
Ordinary understanding can only perceive and grasp what lies straight in front of it: it thus wishes to advance in a straight line, moving from the nearest point on to the next one, and so on. This is called progress. Ordinary understanding can only perceive circular movement in its own way too: that is to say, it moves along the circumference, taking its movement around the circle as a straightforward progression, until suddenly it stumbles upon its starting-point and comes to a standstill, at a loss because of its lack of progress. Since progress is the criterion employed by ordinary understanding, such understanding finds any circular movement objectionable and considers it a sign of impossibility. The fateful thing, however, is that this argument about circular movement is employed in philosophy itself, even though it is but a symptom of a tendency to reduce philosophy to the level of ordinary understanding.
The essential feature of the circular movement of philosophy does not lie in running around the periphery and returning to the point of departure. It lies in that view of the centre that this circular course alone can provide. The centre, that is, the middle and ground, reveals itself as such only in and for the movement that circles it. The circular character of philosophical thought is directly bound up with its ambiguity, an ambiguity that is not to be eliminated or, still less, levelled off by means of dialectic. It is characteristic that we repeatedly find in the history of philosophy such attempts to level off this circularity and ambiguity of philosophical thinking through the use of dialectic, and most recently in a grand and impressive form. Yet all dialectic in philosophy is only the expression of an embarrassment. (p. 187)
Original
Der vulgäre Verstand kann nur das sehen und fassen, was geradewegs vor ihm hegt, und so will er sich ständig geradewegs fortbewegen und von einem Nächsten zum anderen Nächsten. Man nennt das Fortschritt. Bei einer Kreisbewegung sieht der vulgäre Verstand auch nur in seiner Weise, d. h. er bewegt sich auf der Kreislinie und nimmt, das Gehen auf dem Kreise als ein Geradeausgehen, bis er plötzlich auf den Ausgang stößt und dann ratlos da-steht, weil ja kein Fortschritt ist. Weil aber der Fortschritt das Kriterium des Erfassens des vulgären Verständnisses ist, ist jeder Kreisgang von vornherein ein Einwand, ein Zeichen der Unmöglichkeit. Das Verhängnisvolle ist, daß in der Philosophie selbst mit diesem Argument der Kreisbewegung gearbeitet wird. Jenes Argument ist das Zeichen für die Tendenz, die Philosophie auf das Niveau des vulgären Verstandes herabzuziehen.
Die Kreisbewegung der Philosophie hat ihr Wesentliches nicht im Entlanglaufen an einer Peripherie und im Zurückkommen auf die Ausgangsstelle, sondern in dem beim Kreisgang allein möglichen Blicken ins Zentrum. Dieses, d. h. die Mitte und der Grund, offenbart sich als Zentrum nur im und für ein Kreisen um) es. Mit diesem Zirkelhaften des philosophierenden Denkens hängt seine Zweideutigkeit zusammen, die nicht zu beseitigen und noch weniger durch Dialektik auszugleichen ist. Es ist charakteristisch, daß wir in der Philosophie und ihrer Geschichte immer wieder, und zuletzt in großer und genialer Form, den Versuch finden, diese Zirkelhaftigkeit und Zweideutigkeit des philosophischen Denkens auszugleichen auf dem Wege einer Dialektik. Alle Dialektik in der Philosophie aber ist der Ausdruck einer Verlegenheit. (p. 276)