GA29-30:131-132 – a tonalidade afetiva é uma essência híbrida (objetiva e subjetiva)

(…) nós experimentamos de qualquer modo algo essencial: 1. o ENTEDIANTE (Langweilige) não recebe este nome porque produz simplesmente em nós o efeito tédio. O livro não é a causa exterior e o tédio o resultado do efeito no interior; 2. com isto, precisamos nos abstrair da relação causa-efeito (Ursache-Wirkung) em meio ao esclarecimento do fato; 3. mas o livro precisa igualmente se tornar vigente. Se não como uma causa atuante, ao menos como o que nos afina. Aqui está a questão; 4. se o livro é ENTEDIANTE, então esta coisa possui em si, em sua posição fora da alma, algo da possível tonalidade afetiva (Stimmung) em nós: da tonalidade afetiva que é mesmo mantida reprimida. Apesar de estar no interior, a tonalidade afetiva gira ao mesmo tempo em torno da coisa no exterior; e isto sem que exportemos e transportemos até a coisa uma tonalidade afetiva produzida a partir do interior; 5. por fim, a coisa só pode ser ENTEDIANTE porque a tonalidade afetiva já gira em torno dela. Ela não causa o tédio, mas tampouco o retém através de uma atribuição do sujeito. Em resumo: o tédio – assim como, em última análise, toda e qualquer tonalidade afetiva – é uma essência híbrida; uma essência em parte objetiva, em parte subjetiva. (tr. Casanova GA29-30PT:117)