GA29-30:127-128 – metáfora

Todas as propriedades (Eigenschaft) deste gênero (propriedades afinadoras tais como entediante (langweilig), sereno (heiter), triste (traurig) (acontecimento), divertido (lustig) (jogo)) estão ligadas ao sujeito em um sentido específico. Mais ainda: elas) se derivam diretamente do sujeito e de seus estados (Zuständ). As tonalidades afetivas (Stimmung, que as coisas provocam em nós, são por nós transportadas em seguida até as próprias coisas. Desde a Poética de Aristóteles há para isto a expressão ‘‘Metáfora” (μεταφορά, metaphora). Aristóteles já tinha visto em sua Poética que há, tanto na linguagem quanto na apresentação poética, determinadas proposições e cunhagens nas quais transportamos (μεταφέρειν, metaphorein) a partir de nós mesmos até as próprias coisas as tonalidades afetivas que as coisas provocam em nós: a tristeza (Traurigkeit), a serenidade (Heiterkeit), o tédio (Langweiligkeit). Aprendemos certamente na escola que a linguagem dos poetas (Sprache der Dichter), assim como o uso cotidiano da linguagem estão impregnados por tais METÁFORAs. Nós falamos sobre um “campo alegre” e não temos em vista que o próprio campo está alegre: sobre um “quarto sereno”, sobre uma “paisagem melancólica”. Mas a paisagem não é ela mesma melancólica, ela apenas nos afina deste modo, ela causa em nós esta tonalidade afetiva. Analogamente dá-se com o “livro entediante”. (GA29-30PT:113)