De início e na maioria das vezes, só certas tonalidades afetivas (Stimmung) nos tocam. Tonalidades afetivas que irrompem em direção a certos “pontos extremos”: alegria, tristeza. Já menos apreensíveis são um leve temor ou uma satisfação que se espraia amplamente. E o que aparenta não estar de modo algum aí, e, porém, está aí é justamente aquele NÃO-ESTAR-AFINADO (Ungestimmtheit), no qual não estamos nem mal nem “bem”-humorados. O porquê, contudo, de tomarmos o NÃO-ESTAR-AFINADO como um não-ser-de-modo-algum-afinado (Überhaupt-nicht-gestimmtsein) é algo que possui fundamentos de um tipo absolutamente essencial. Quando dizemos que um homem bem-humorado anima uma reunião social, isto significa apenas que uma tonalidade afetiva entusiasmante ou divertida e distensa é produzida. Não significa, contudo, que anteriormente não havia nenhuma tonalidade afetiva aí. Um NÃO-ESTAR-AFINADO estava aí: um NÃO-ESTAR-AFINADO que aparentemente é difícil de apreender e que parece ser algo completamente indiferente, mas que não o é de maneira nenhuma. Vemos novamente: tonalidades afetivas não emergem sempre no espaço vazio da alma e desaparecem uma vez mais. Ao contrário, o ser-aí enquanto ser-aí já está sempre afinado desde o seu fundamento. O que acontece sempre é apenas uma mudança das tonalidades afetivas. (GA29-30PT:89)