Fink (1994b:203-204) – o conceito de “aparência”

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Para a reflexão meditativa (besinnlich), o conceito de “aparência” revela-se difícil de determinar; refere-se a algo que aparece, e aos modos de aparência daquilo que está na base da aparência. Além disso, podemos distinguir entre o esvaziamento (Aussichheraustreten) das coisas, o seu esvaziamento da essência na multiplicidade das determinações factícias, por um lado, e a representação relacionada dos sujeitos humanos, por outro. A questão não se resolve com simples diferenças, com o jogo da distinção. É uma questão de perseverar na tensão conceitual entre os dois pensamentos contraditórios. Já o conceito ontológico da coisa, qualquer que seja a imprecisa determinação em que a apreendemos, contém em si tensões agudas de oposição, é, por assim dizer, uma contradição gritante: a coisa é una e múltipla, una como substância, múltipla como modos e propriedades, é inquestionavelmente uma coisa entre muitas coisas, é singular e, na medida em que tem em si determinações de espécie e gênero, é algo “geral”. É o mesmo, idêntico a si mesmo, porque traz em si a alteridade das outras coisas; é o mesmo apenas na medida em que é outro em relação às outras coisas, e é determinado pela alteridade, na medida em que permanece idêntico a si mesmo. O diálogo platônico do Sofista explica o entrelaçamento dos cinco genes que, nos seus efeitos recíprocos, “condicionam ontologicamente como coisa” (bedingen) tudo: são as Ideias de ON, TAUTON, HETERON, STASIS, KINESIS, as ideias do ser como ideia do mesmo e do diferente ao mesmo tempo, como ideia do que está em repouso e simultaneamente em movimento.

Kessler

[FINK, Eugen. Proximité et distance: essais et conférences phénoménologiques. Tr. Jean Kessler. Grenoble: Jérôme Millon, 1994b]

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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