Fink (1966b:9-12) – objetos dignos da filosofia

destaque traduzido

(…) Mas quando o pensamento filosófico desperta, não assume, como algo indiscutível, a hierarquia da interpretação mítica do universo. Os deuses, a terra e o mar, os homens, os animais, as plantas e os objectos artificiais fabricados pelo homem, tudo isso se confunde; cada uma dessas coisas é um ente. Todas as diferenças de poder têm em comum este traço fundamental que se encontra por toda parte. O deus radiante que, como Phoebus Apollo, ilumina o universo e o preenche com o brilho fulgurante do sol, é um ente — mas a minhoca na escuridão da terra é também um ente. Não será, pois, necessário compreender este elemento comum a todas as coisas antes de estabelecer diferenças de hierarquia? E, com efeito, a investigação que se dá por objeto o ente na medida em que é ente, o ente enquanto tal, o on he on, torna-se a tarefa decisiva da filosofia. Ao colocarmos esta questão do ente enquanto tal, estamos ao mesmo tempo a orientar a investigação para todo o ente, uma vez que o ser do ente pertence muito simplesmente a tudo o que se produz na unidade do universo. Uma vez colocada esta questão fundamental da “metafísica” sobre o ente enquanto tal e em geral, parece que qualquer diferenciação das coisas segundo uma hierarquia e qualquer avaliação das mesmas segundo o critério do “digno” e do “indigno” é descartada. (…)

Hildenbrand & Lindeberg

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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