Fink (1966b:227-228) – essência do jogo

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(…) o jogo humano é um modo particularmente notável pelo qual a existência se relaciona ao todo disto que é, e pelo qual se deixa atravessar e animar pelo todo. No jogo humano, o todo do mundo reflete-se nele mesmo; faz cintilar traços de infinito sobre e num intramundano, num finito. O jogo é um ato existencial que se afasta de uma consideração puramente imanente das coisas humanas; não o podemos compreender se concebermos o homem como um ser vivo fechado em si mesmo, se o tomarmos por um ente que tem propriedades estáveis que lhe pertencem, se o pensarmos segundo o modelo geral da substância com determinações acidentais. É precisamente na medida em que o homem é determinado essencialmente pela possibilidade do jogo, que ele é determinado pela profundidade insondável, pelo indeterminado, pelo instável, pelo aberto, pelo possível ondulante do mundo agente que nele se reflete. No jogo humano produz-se o êxtase da existência visando o mundo. Eis porque o jogo é sempre mais que não importa qualquer outra atitude, não importa qualquer outra atividade humana intramundana, não importa qualquer outra maneira de estar em ação. No jogo, o homem “transcende-se” ele mesmo, supera as determinações com que se rodeou e nas quais se “realizou”, torna, por assim dizer, revogáveis as decisões irrevogáveis da sua liberdade, salta para fora dele mesmo, mergulha no fundo vital de possibilidades originais, deixando para trás toda situação fixada, ele pode sempre recomeçar e rejeitar o fardo de sua história.

Hildenbrand & Lindenberg

Moore & Turner

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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