Tanto a equanimidade (Gleichmut) impassível quanto o desânimo (Missmut) reprimido na ocupação (Besorgen) cotidiana (alltäglich), a passagem (Überleiten) de um para outro, o resvalar no mau humor (Verstimmungen) não são, do ponto de vista ontológico, um nada, por mais que esses fenômenos passem despercebidos para a presença (Dasein), sendo considerados como os mais indiferentes e os mais passageiros. Que os humores (Stimmung) possam deteriorar-se e transformar-se, isto diz somente que a presença (Dasein) já está sempre sintonizada e afinada num humor (Stimmung). Também a falta de humor (Ungestimmtheit) contínua, regular e insípida, que não deve ser confundida com o mau humor (Verstimmung), não é um nada, pois nela a própria presença (Dasein) se torna enfadonha para si mesma. Nesse mau humor (Verstimmung), o ser do pre (das Da) mostra-se como peso (Last) (NH: “peso (Last)”: o que deve ser carregado; o homem (Mensch) está entregue à responsabilidade (Überantwortung) e à apropriação da presença (Dasein). Carregar: assumir-se a partir da pertinência ao próprio (eigentlich) ser). Por que, não se sabe. E a presença (Dasein) não pode saber, visto que as possibilidades (Möglichkeit) de abertura (Erschliessungmöglichkeiten) do conhecimento (Erkenntnis) são restritas se comparadas com a abertura (Erschliessen) originária dos humores (Stimmung) em que a presença (Dasein) se depara com seu ser enquanto pre (das Da). Também o humor (Stimmung) exacerbado pode aliviar o peso (Last) revelado pelo ser; mesmo essa possibilidade (Möglichkeit) de humor (Stimmung) revela, embora como alívio, o caráter de peso (Last) da presença (Dasein). O humor (Stimmung) revela “como alguém está e se torna”. É nesse “como alguém está” que a afinação (Gestimmtsein) do humor (Stimmung) conduz o ser para o seu “pre (das Da)”. STMSCC: §29