Aussein auf, Aus-sein auf
O mesmo que foi dito acerca da indeterminação ontológica dos fundamentos em Dilthey vale fundamentalmente para essa teoria. A análise ontológica dos fundamentos da “vida” não pode ser acrescentada posteriormente como uma infra-estrutura. É ela que sustenta, tenta e condiciona a análise da realidade, bem como toda explicação do conjunto das resistências e de suas pressuposições fenomenais. Resistência vem ao encontro como não deixar passar…, como impedimento da vontade de passar… com isso, no entanto, abre-se algo pelo que impulso e vontade se empenham. A indeterminação ôntica desse pelo que se empenham não pode ser ontologicamente desconsiderada e compreendida como um nada. O próprio EMPENHO [Aussein auf]… que se depara com resistência, e é o único que pode se deparar, já se acha junto a uma totalidade conjuntural. A sua descoberta, porém, funda-se na abertura do todo referencial da significância. Do ponto de vista ontológico, a experiência de resistência, ou seja, a descoberta daquilo que resiste a um esforço, só é possível com base na abertura de mundo. O conjunto das resistências caracteriza o ser dos entes intramundanos. As experiências de resistência apenas determinam faticamente o alcance e a direção da descoberta dos entes intramundanos que vêm ao encontro. A abertura de mundo não é introduzida pela sua soma, mas, ao contrário, pressuposta. Em sua possibilidade ontológica, o “ser-contra” e o “ser oposto” são sustentados pelo ser-no-mundo que já se abriu. STMSC: §43
Cabe caracterizar numa primeira aproximação o ser-para-a-morte como ser para uma possibilidade e, na verdade, para uma possibilidade privilegiada da própria presença [Dasein]. Ser para uma possibilidade, ou seja, para algo possível, pode significar: EMPENHAR-SE [Aussein auf] por algo possível, no sentido de ocupar-se de sua realização. No campo do que é simplesmente dado e do que está à mão, tais possibilidades vêm constantemente ao encontro: o que é passível de alcance, de controle, de acesso, etc. Enquanto ocupação, o empenhar-se [Aus-sein auf] por algo possível tem a tendência de anular a possibilidade do que é possível, tornando-o disponível. A realização que se ocupa do instrumento à mão (dispor, repor, compor, transpor, etc.) é, no entanto, apenas relativa, uma vez que o realizado ainda possui o caráter ontológico da conjuntura. Embora realizado, é real como algo possível para…, caracterizado por um ser-para. A presente análise deve esclarecer apenas como o em-penhar-se [Aus-sein sich] da ocupação comporta-se frente ao possível: não através de uma consideração temática e teórica do possível como possível e nem mesmo no tocante à sua possibilidade como tal, mas sim no modo em que ele, na circunvisão desvia o possível na direção de um possivelmente para-quê. STMSC: §53