dizer

sagen, Sage, entwerfende Sagen, Sprache, sprechen, Zeige, Eignen, Aufriss, Dichtung

Parmênides diz: noein e pephatismenon em to eonti. Na tradução corrente: o pensar que é enquanto o que se pronuncia no ser.

Mas como podemos fazer a experiência e compreender esse ser pronunciado se não cuidamos em perguntar o que significa aqui “pronunciado”, “pronunciar”, “dizer”, “linguagem”. Como podemos fazer essa experiência se tomamos apressadamente o eon pelo ente, deixando indeterminado o sentido de ser? Como haveremos de conhecer a referência de noein ao pephatismenon se não determinamos de maneira suficiente o noein levando em consideração o fragmento VI? O noein, que queremos pensar em seu pertencer ao eon, funda-se e vige a partir do legein. É aí que o deixar pro-por-se do que está em vigência acontece em sua vigência. Somente enquanto o que assim se pro-põe é que o vigente pode dizer respeito ao noein, ao tomar em atenção. Por isso, enquanto nooumenon do noein, o noema já é sempre um legomenon do legein. O vigor do dizer, tal como os gregos experienciaram, reside, porém, no legein. O noein é, por isso, um dito em sua própria essência e não posterior ou acidentalmente. Sem dúvida, o dito não é necessariamente o que foi pronunciado. Algo pode e por vezes até deve permanecer silenciado. Tudo o que se pronuncia e silencia é, por sua vez, já sempre um dito. Já a recíproca não vale.
Em que consiste a diferença entre o que é dito e o que é pronunciado? Por que Parmênides caracteriza como pephatismenon o nooumenon e o noein? Pelo dicionário, traduz-se corretamente pephatismenon por “pronunciado”. Mas em que sentido se faz a experiência de um dizer, nomeado nas palavras phaskein e phanai? Será que dizer refere-se apenas à vocalização (phone) daquilo que uma palavra ou frase significam (semainen)? Será que aqui se apreende o dizer como expressão de um interior (da alma), que assim se deixa dividir em duas partes, a fonética e a semântica? Não há nenhum vestígio desse entendimento na experiência do dizer como phanai, da linguagem como phasis. No verbo phaskein encontramos: convocar, nomear celebrando, chamar. Tudo isso, porém, porque vige como o que deixa aparecer. Phasma é o aparecer das estrelas, da lua, o seu chegar a aparecer e brilhar, o seu encobrir-se. Phaseis diz as fases. Os modos alternantes de seu brilhante aparecer são as fases da lua. Phasis é a saga do dizer. Dizer significa fazer aparecer. Phemi, eu digo, tem, com relação a lego, a mesma mas não uma igual essencialização: fazer aparecer em seu vigor e numa posição o que vige. [GA7CFS:215]


Assim a evocação que nomeia as coisas invoca e provoca também a saga do dizer que nomeia o mundo. O dizer confia o mundo para as coisas, abrigando ao mesmo tempo as coisas no brilho do mundo. O mundo concede às coisas sua essência. As coisas são gesto de mundo. O mundo concede coisas. [GA12MSC]