distinção metafísica

P — Devo entender que a experiência dos senhores se move na distinção entre o mundo sensível e o supra-sensível? Nesta mesma distinção, repousa o que de há muito se chama de metafísica.

J — Com esta observação relativa à distinção metafísica, o senhor toca na fonte do perigo a que nos referimos. Nosso pensamento, caso possa falar assim, conhece sem dúvida algo semelhante à distinção metafísica. E, no entanto, a distinção como tal e o que nela se distingue não pode ser apreendida pelos conceitos metafísicos do Ocidente. Assim, nós dizemos iro, a cor, e dizemos ku, o vazio, o aberto, o céu. E nós dizemos que sem iro não há ku, sem cor não há vazio.

P — Ora, isso parece corresponder precisamente ao que diz a doutrina europeia, isto é, a metafísica da arte, ao representá-la esteticamente. O aistheton, o sensível da percepção, faz brilhar o noeton, o não sensível. [GA12]