dis-posição

Bestellbarkeit e termos com base em -stellen
requérir
set upon
emplazar

Só que agora a vigência do vigente também perdeu o sentido de objetividade e contraposição. Para o homem de hoje, o vigente vale como o que sempre de novo pode ser encomendado e por-se à dis-posição. Mesmo que raramente pensada e pronunciada como tal, a vigência mostra agora o caráter de encomenda (recurso) e estar à dis-posição (Bestellbarkeit) de tudo e de cada um.

O vigente não vem mais ao encontro e não perdura mais na configuração dos objetos. Ele se dilui nos dis-positivos (ou recursos) [Bestände] que podem ser sempre a cada momento manipuláveis, transmitidos, substituídos para fins particulares. Os dispositivos são exigidos de caso em caso, a partir de determinados planos. Como tais, os dis-positivos são exigidos em suas qualificações [Beschaffenheiten]. Os dispositivos não têm nenhuma consistência no sentido de uma vigência constante e permanente. O modo de vigorar dos dispositivos é esse encomendar-se (e estar à disposição), que se distingue pela possibilidade de estarem sempre e de novo dis-postos, num modo cada vez mais aprimorado, sem no entanto entrever nenhuma idéia do melhor.

À disposição de quem, para quem encomenda-se esse tipo de vigência? Não é para o homem singular que se contrapõe e se opõe aos objetos como sujeito. Esse encomendar-se, esse estar à dis-posição dos dis-positivos, volta-se e regula-se pela relação de convivência de ser um para o outro da sociedade industrial. Isso se manifesta, na verdade, de maneira ainda mais multifacetada do que a colocação de uma subjetividade para a objetividade dos produtos e instituições da sociedade industrial. A sociedade industrial, para cujas exigências e instalações, o pensamento sociológico quer remeter todo o existente, deve ser pensada para além da subjetividade entendida no esquema sujeito-objeto, ou seja, como fundamento de explicação de todas as manifestações. Pois a sociedade industrial não é nem sujeito e nem objeto. Não obstante a aparência de autonomia que ela mesma põe e confere como parâmetro de si mesma, ela está bem mais dis-posta pelo mesmo poder do dis-por explorador na tutela que também transformou a anterior objetividade dos objetos em dis-positivos em mera encomenda e num mero estar à dis-posicão.

A natureza também está colocada como dis-positivo à dis-posicão e sob encomenda. No âmbito temático da física de partículas, a vigência da natureza é impensável enquanto for representada como objetividade em vez de um por-se sob encomenda e à dis-posicão. A transformação da vigência do vigente, que passa de objetividade para dis-posicionalidade (encomenda) é também a condição para que algo como o modo de representação cibernética possa surgir e ainda reivindicar o papel de ciência universal. [Coisa do Pensamento]