Derrida (2008:340-343) – logos

destaque

No § que se segue (em GA29-30) à confissão sem confissão, e ao compromisso de se afastar da Täuschung a propósito da Täuschung em Sein und Zeit, Heidegger sublinhará sucessivamente, colocando-as em itálico, as palavras “Möglichkeit” (possibilidade) e “Vermögen” (poder, faculdade, etc.). A raiz comum, Mögen, de que já falamos longamente, autoriza esta transição, mesmo que seja grave. A essência do logos, recorda-nos Heidegger, reside no facto de nele residir a possibilidade (Möglichkeit) do “ou verdadeiro ou falso”, do “não só positivo mas também negativo” [GA29-30:489]. Esta possibilidade é a essência interna do logos. Só se a apreendermos é que se dá o salto (Absprung: o salto ou o chamamento do saltador, em altura ou para-quedas), a Absprung que nos conduzirá à Ursprung, à origem, aqui à origem do logos. É sempre a figura do caminho, ou mesmo do caminho circular: a partir de um passo para trás (Schritt zurück) ou de um salto, de um apelo ao salto, podemos voltar para trás em direção à origem. O passo é um salto, sempre. Todo passo faz um salto. A diferença entre um passo e um salto é difícil de entender. Todo passo é um salto. Aqui estamos a falar do passo para trás a partir do salto ou da chamada para saltar (Absprung) que conduz de volta à origem (Ursprung) do logos, e a chamada deste salto, o lugar da chamada (Ort des Absprungs [GA29-30:489] ), é a essência interna do logos como a possibilidade co-originária do verdadeiro ou falso, do positivo e do negativo. O logos não é uma formação ou uma construção que acontece por acaso (ein vorhandenes Gebilde), não, ele é na sua essência esta possibilidade (Möglichkeit) disto ou daquilo, do verdadeiro ou do falso, do positivo ou do negativo. E então, num salto, podemos dizer, Heidegger passa da possibilidade ao poder, como se estivesse simplesmente a traduzir e a explicitar a Möglichkeit. Diz ele na seguinte frase, sublinhando a palavra “Vermögen”: “Wir sagen: er ist ein Vermögen zu (…) (Dizemos que é um poder para…)” [GA29-30:489].

original

  1. Μ. Heidegger, Die Grundbegriffe.op. cit., p. 489 (c’est Martin Heidegger qui souligne) ; tr. fr., p. 485. (NdÉ)[↩]
  2. Ibid., p. 489 (c’est Martin Heidegger qui souligne). (NdÉ)[↩]
  3. Ibid., p. 489 (c’est Martin Heidegger qui souligne) ; tr. fr., p. 485. (NdÉ)[↩]
  4. Dans le tapuscrit, Jacques Derrida souligne d’un trait les mots « das Verfugen über ein Sichbeziehen zum Seienden als solchem », déjà soulignés par Heidegger. (NdÉ)[↩]
  5. Μ. Heidegger, Die Grundbegriffe. ..,op. cit., p. 489 (c’est Martin Heidegger qui souligne) ; tr. fr., p. 485. (Traduction modifiée par Jacques Derrida.) (NdÉ)[↩]
  6. Μ. Heidegger, Die Grundbegriffe…, ορ. cit., p. 489 (c’est Martin Heidegger qui souligne) ; tr. fr., p. 485-486. Les citations en allemand insérées dans ce passage sont transcrites à partir de l’enregistrement de la séance. (NdÉ)[↩]
Excertos de ,

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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