Lichtung der Verbergung
(O repensar do seer e a linguagem) Com a linguagem habitual, que hoje é cada vez mais amplamente abusada e desgastada, a verdade do seer não tem como ser dita. Será que essa verdade pode ser em geral dita de maneira imediata, uma vez que toda linguagem é de qualquer modo linguagem do ente? Ou será que pode ser inventada uma nova linguagem para o seer? Não. E mesmo se tal tentativa tivesse êxito e mesmo sem uma formação vernácula artificial, essa linguagem não seria nenhuma linguagem que diz. Todo dizer precisa emergir concomitantemente do poder ouvir. Os dois precisam ter a mesma origem. Assim, só uma coisa importa: dizer a linguagem mais nobremente amadurecida em sua simplicidade e força essencial, a linguagem do ente enquanto linguagem do seer. Essa transformação da linguagem penetra em âmbitos que ainda se encontram cerrados para nós, porque não sabemos a verdade do seer. Assim, fala-se da “recusa do perseguimento”, da “CLAREIRA DO ENCOBRIMENTO”, do “acontecimento apropriador”, do “ser-aí”, não um escolher verdades e retirar essas verdades das palavras, mas a abertura da verdade do seer em tal dizer transformado. (tr. Casanova; GA65: 36)
A experiência fundamental não é o enunciado, a sentença e, de acordo com isso, o princípio, seja ele “matemático” ou “dialético”, mas o manter-em-si da retenção contra o recusar-se hesitante na verdade (CLAREIRA DO ENCOBRIMENTO) da indigência, da qual emerge a necessidade da decisão. (tr. Casanova; GA65: 38)
A CLAREIRA DO ENCOBRIMENTO não tem em vista a suspensão do velado, sua posição livre e a transformação no desvelado, mas precisamente a fundação do fundamento abissal para o encobrimento (a renúncia hesitante). (tr. Casanova; GA65: 226)
O que significa: “encontrar-se” na CLAREIRA DO ENCOBRIMENTO e suportá-la? A tonalidade afetiva fundamental da retenção. O elemento único distintivamente histórico dessa insistência, o fato de se decidir aqui em primeiro lugar e apenas sobre o “verdadeiro”. Que constância tem essa insistência? Ou formulando de maneira diversa a questão: quem consegue, quando e como ser o ser-aí? O que é que a meditação inicial do dizer pensante consegue realizar aqui para a preparação desse ser? Por que é que, neste instante, esse saber agora, ou seja, o saber questionador precisa trazer consigo o impulso? Em que medida foi agora apenas que o poeta anterior a nós, Hölderlin, se tornou em sua poesia e em sua obra poética mais única a nossa necessidade? (tr. Casanova; GA65: 226)
O seer se essencia como o acontecimento da apropriação dos deuses e do homem para a sua contra-posição. Na CLAREIRA DO ENCOBRIMENTO do entre, que emerge do acontecimento da apropriação e com ele, acontecimento esse que se contrapõe à clareira, desponta a contenda entre mundo e terra. E somente no campo de jogo temporal dessa contenda chega-se à preservação e à perda do acontecimento da apropriação, entrando no aberto daquela clareira aquilo que é denominado o ente. (tr. Casanova; GA65: 268)