Ciocan (2014:17-18) – ontologia do problema da morte

(…) Se a problemática da morte pode ser considerada decisiva para a analítica do Dasein (apresentada em suas duas faces entre os parágrafos 9 e 75 (SZ) ), ela não pode, entretanto, reivindicar centralidade em relação à Seinsfrage como tal. Mas será que essa última conclusão é bem fundamentada? Essa marginalização do problema da morte não é uma consequência da antropologização da intenção fundamentalmente ontológica do projeto heideggeriano? Talvez não seja coincidência o fato do próprio Heidegger nos §§ 160-163 dos Beiträge zur Philosophie (GA65, 282-286) enfatizar os interesses propriamente ontológicos do problema da morte, em particular sua ligação essencial com o problema do ser. Nesses textos (escritos dez anos depois de Ser e Tempo, entre 1936 e 1939), afirma que o ser para a morte reflete — no nível fenomênico concreto da vida do Dasein — duas características fundamentais do ser como tal: a pertença essencial do “não” ao ser (wesenhafte Zugehörigkeit des Nicht zum Sein) e a plenitude essencial e infundável da “necessidade” (unergründliche Wesensfülle der “Notwendigkeit”) (GA65, 282); em sua dimensão essencialmente ontológica, o ser para a morte é, portanto, a colisão entre necessidade e possibilidade (Zusammenstoß von Notwendigkeit und Möglichkeit) (GA65, 283).

(CIOCAN, Cristian. Heidegger et le problème de la mort: existentialité, authenticité, temporalité. Dordrecht: Springer, 2014)

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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