Categoria: Gesamtausgabe

Para um autor que, ao conceber o rumo da sua Edição integral (Gesamtausgabe), a caracterizou com o lema Wege, nicht Werke (caminhos, não obras) … (Irene Borges-Duarte)

  • Quem é o homem? É aquele que deve dar testemunho do que é. Dar testemunho significa, por um lado, reportar; mas ao mesmo tempo significa responder, ao reportar, pelo reportado. O homem é aquele que é precisamente ao atestar o seu estar aí (Dasein). Este testemunho não significa aqui uma expressão posterior e acessória do…

  • Assim, o titulo consciência se tornou uma representação fundamental da filosofia moderna. Mesmo a fenomenologia de Husserl pertence a isso. Ela é a descrição da consciência. Husserl acrescentou apenas como elemento novo a intencionalidade. Em certo aspecto, a intencionalidade já tinha sido vista pelo professor de Husserl, por Brentano. Intencionalidade significa: toda consciência é consciência…

  • Veio à tona, então, que, em Ser e tempo mesmo, o discurso sobre a Daseinsanalyse é frequente. Aí, a Daseinsanalyse não significa aqui outra coisa senão realização da mostração das determinações do Dasein transformadas em tema na analítica existencial, que, na medida em que esse é determinado enquanto existente, são chamadas de existenciais. Este conceito…

  • O experimento e a construção teórica são, portanto, reciprocamente, modos de procedimentos copertinentes da pesquisa da natureza, e esses dois modos de investigação são denominados método. Na pesquisa, o método é o modo do procedimento, a maneira como uma pesquisa procede junto à investigação de sua região de objetos. Nós denominamos esse conceito de método…

  • Husserl definiu certa vez a ciência como um contexto de fundamentação de sentenças verdadeiras (Investigações lógicas 1900/1901)1. Um conteúdo “objetivo” da ciência natural é, por exemplo, a lei da queda livre. Essa lei é “objetiva” no sentido de que ela seria independente do ser humano? A ligação dessa ciência com o ser-humano não consiste apenas…

  • Portanto, há três conceitos de objeto: no primeiro caso, objeto é equivalente ao objeto da experiência científico-natural. No segundo caso, objeto designa as coisas autonomamente presentes e subsistentes para o uso e a consideração. No terceiro caso, objeto é o algo enquanto o sujeito de um possível enunciado sobre ele. (…) Para a explicitação do…

  • Nós permanecemos junto à explicitação do Dasein, dito de maneira mais clara, junto à questão sobre por que em Ser e tempo se fala de Dasein e não simplesmente de ser humano. A razão para isso reside no fato de que em Ser e tempo a questão do ser determina tudo, isto é, a questão…

  • Os senhores precisariam me dizer primeiro o que é psicologia. Se eu falo agora com os senhores, então dois seres humanos falam um com o outro, compreendem um ao outro. Se nós determinarmos agora o ser humano como Dasein, precisaremos dizer: os senhores existem e eu existo, nós estamos uns com os outros aí no…

  • Ainda no interior da metafísica, a posição do homem como um ente em meio ao ente enquanto tal é indicada por meio da “compreensão de ser”. Depois de tudo aquilo que foi definido sobre a “compreensão” no contexto diretriz da questão acerca da (261) verdade do seer, isso significa, contudo, o seguinte: projeção da verdade…

  • O que significa, porém, a propriedade e a im-propriedade do ser-aí? A im-propriedade é concebida como decadência no ente; com isso, insinua-se o fato de a meditação sobre o ser continuar aqui essencial e o único elemento diretriz. A decadência no ente é a concordância que oculta a si mesma com a maquinação. O (262)…

  • O aí se clareia no ser-aí. Esse, porém, se essencia como a constância do entre; uma constância que se funda no pertencimento ao acontecimento da apropriação. O entre é apropriado em meio ao acontecimento pelo acontecimento apropriativo como o lugar no qual esse acontecimento se encontra em sua essenciação. A essa essenciação pertence: o entre…

  • O acontecimento da apropriação, não a tonalidade afetiva, é que convém no primeiro início ao desdobramento essencial do seer; mas os dois são de qualquer modo pensados, sem serem reconhecidos em sua essência, em outras figuras; o acontecimento da apropriação encobre-se no pertencimento do νοῦς e do λόγος ao ser, um pertencimento que, indômito e…

  • A tonalidade afetiva pertence ao acontecimento da apropriação; como voz do seer, ela afina o que acontece apropriativamen-te (de-terminado afinadoramente para a fundação da verdade do seer) em uma tonalidade afetiva fundamental – tonalidade afetiva que se torna o fundamento de uma fundação da verdade do seer no ser-aí; tonalidade afetiva, que conjuga afinadoramente o…

  • Nem os deuses criam o homem, nem o homem inventa os deuses. A verdade do seer decide “sobre” os dois, na medida em que vigora acima deles, mas acontece apropriativamente entre eles e, com isto, pela primeira vez ela mesma para o vir-ao-encontro. Sempre de acordo com o modo no qual o seer encontra a…

  • Ο antropomorfismo é a convicção expressa ou inexpressa, assumida ou inconscientemente acolhida de que o ente na totalidade é o que ele é e como ele é por força e de acordo com a representação que transcorre no homem, isto é, no animal dotado de razão, como um transcurso vital entre outros. O ente, e…

  • Toda determinação da essência do homem está suspensa na questão: como é que concebemos o ente na totalidade ao qual o ente – chamado homem – está enquadrado? Assim, a tarefa de demarcação essencial desse ente é salva e transportada para uma interpretação do ente na totalidade já realizada ou pouquíssimo pensada em suas condições…

  • 1) O que ele é? 2) Quem ele é? As próprias perguntas já são respostas, isto é, decisões. O que é o homem? Esta pergunta procura determinar o elemento quididativo e o determina como animalidade. Quem é o homem? Esta pergunta deve estabelecer o quem e – ? O quem só pode ser pensado propriamente…

  • 1) não é realizada por indivíduos quaisquer, mas por “singulares”, dis-tintos. Esses singulares, porém, pertencem como traçados ao seer, ainda menos do que toda e qualquer “comunidade” eles nunca são “por si” “de maneira ego-ísta”. 2) A experiência fundamental, por isto, também não é “realizada” no sentido de que seria ideada, imaginada e levada a…

  • A animalidade do homem (ζῷον, animal) conquista agora a sua vitória; o que não significa que agora tudo é pensado “animalescamente”. Por ser inequivocamente tosco, algo deste gênero também permaneceria inofensivo. Dizer que a animalidade vence significa: “corpo vital” e “alma” como as determinações iniciais e constantes (como quer que venhamos a concebê-las) do animalesco…

  • Mas decisão 1 é: se nós auscultamos e dizemos ou se nós nos arremetemos primeiramente, em um estranho esquecimento do ser, em direção à tarefa de extrair o homem do ente por um cálculo, ainda que por meio da hipótese de catástrofes; pois “catástrofe” permanece apenas uma locução se, desconhecendo acontecimentos apropriativos abissais das origens…