Categoria: GA Temático

Extratos por temas e noções chaves das obras de Heidegger

  • O alemão possui duas palavras para “ objeto”, Objekt e Gegenstand, mas apenas uma para “sujeito”, Subjekt. Objekt vem do latim obiectum, literalmente o que está lançado contra (gegen), contraposto. Quanto ao significado e ao uso feito por Heidegger, as palavras pouco diferem. Objekt está naturalmente mais correlacionado a Subjekt, sobretudo na expressão “relação sujeito-objeto”.…

  • O modelo sujeito-objeto dá origem ao contraste entre subjetivismo (idealismo) e objetivismo (realismo) (GA20, 305f; GA6T2, 297s). Ambas as alternativas são enganosas, já que 1. o modelo sujeito-objeto é desorientado, e 2. sujeito e objeto são correlatos: um sujeito possui um objeto que é independente, e um objeto é sempre objeto para um sujeito. A…

  • Em suas discussões sobre o que seja tra-duzir, Heidegger grifa o prefixo trans, em alemão über. “Trans” significa ser e estar a caminho, uma movimentação para além de si mesmo, um lançar-se ao entre de uma movimentação. Trans diz propriamente transcendência. Transcendência diz nesse contexto não o que se opõe à imanência e nem o…

  • Do ponto de vista ontológico, o ser para os outros (Sein zu Anderen) é diferente do ser para coisas simplesmente dadas (vorhandenen Dingen). O “outro” (andere) ente possui, ele mesmo, o modo de ser da presença (Seinsart des Daseins). No ser-com e para os outros (Im Sein mit und zu Anderen), subsiste, portanto, uma relação…

  • Logo depois da sua chegada em Marburg, Heidegger assistiu a uma conferência de Eduard Thurneysen, que era um dos teólogos dialéticos reunidos em torno de Karl Barth. Para Gadamer a intervenção de Heidegger ficou inesquecível, pois o que ele dizia não contrariava o espírito do lugar mas aquilo que os boatos diziam sobre Heidegger em…

  • De início, porém, com o discurso sobre a hermenêutica da facticidade, o que se designa para Gadamer é a virada decisiva de Heidegger contra a fenomenologia de Husserl. Com o seu título programático, Heidegger contrapôs a essa fenomenologia uma “exigência paradoxal”: “A facticidade impassível de ser fundamentada e derivada que é própria ao ser-aí, a…

  • Desde sempre, a «lógica»1 apresenta-se como a «doutrina do pensamento correcto»2 que, enunciando as regras do comportamento pensante, determina o que deve ser o pensamento. Mas verificar, (204) sem mais, este parentesco de facto entre o pensamento e a lógica apenas pode conduzir a descrever a nossa história (admitida como evidente) e não a esclarecê-la…

  • Alguns viram na interpretação heideggeriana da modernidade uma condenação sem apelo equivalente a uma rejeição pura e simples da técnica. Este modo de ver repousa, na realidade, sobre um mal-entendido tenaz que o próprio Heidegger não cessou de denunciar. O discurso heideggeriano não é dirigido contra a técnica e não prega um qualquer retorno à…

  • Heidegger denomina a voz da consciência o “clamor do cuidado”. Desse clamor diz-se, então, que tem o “caráter do chamado do ser-aí para o seu poder-ser mais próprio e isso sob o modo do apelo para o mais próprio ser culpado” (ST, 269). Mesmo que o clamor da consciência não possa ser nenhuma elocução realmente…

  • Embora Heidegger tenha desenvolvido o conceito de Ereignis entre 1936 e 1938, as sementes desta ideia foram plantadas em Ser e Tempo e começaram a germinar no seu ensaio de 1930, “Sobre a Essência da Verdade”. Aqui é-nos dito que a liberdade constitui a essência da verdade ou da revelação. A liberdade não é um…

  • La doctrina del lugar existencial1 de Heidegger Pocos intérpretes de Heidegger parecen tener claro que bajo el sensacional título programático de Ser y tiempo se esconde también un tratado germinalmente revolucionario sobre ser y espacio. Bajo la impresión del encanto de la analítica existencial del tiempo heideggeriana se ha pasado por alto la mayoría de…

  • Se essa interpretação for elucidativa, a mudança heideggeriana do “ser como encontrar-se presente” para o “ser-aí” teria a mesma motivação que as explicitações ontológicas do Sofista platônico. Exatamente como em relação a Platão, o que interessava a Heidegger era tornar compreensível como o não-ente pode ser. Certamente, não se pretende afirmar com isso que a…

  • O primeiro modo como a afirmação de Heidegger faz sentido no interior da palavra heideggeriana é o que poderíamos chamar o modo ontológico. É primordial em três sentidos sobrepostos: na medida em que corresponde à primeira época do pensamento de Heidegger, quer ao nível da cronologia estrita, na medida em que faz parte de uma…

  • A inserção na língua é o terceiro acto do pensamento, não ao lado do «salto» e da Andenken, mas ao mesmo tempo. «É apenas enquanto o homem fala, que pensa e não o inverso» . O pensamento não é um desenvolvimento interior mudo de palavras. Ele é sempre palavra pensante, pensamento falante. Ele deve encontrar…

  • El pensamiento que «deja de lado al ser como fundamento», saltando en el Boden y respondiendo al Zuspruch de la presencia como Anwesenlassen, es aquél al que Heidegger define en términos de memoria y rememoración: Denken como Gedächtnis, Denken como Andenken. No es casual que, en el mundo de la metafísica desplegada como técnica tal…

  • A partir daí compreende-se que a morte seja determinada por Heidegger em Ser e tempo como uma possibilidade do Dasein, e que ela se lhe apresente em seguida, de maneira cada vez mais decisiva, como uma “capacidade” dos mortais que são os homens. Tem-se frequentemente ressaltado o caráter paradoxal da definição que ele dá, assim,…

  • Ora, o que caracteriza o Dasein, o que constitui a sua Grundbestimmung (não só a sua determinação fundamental, mas também o seu fundamental ser-em-concordância e destino), é estar aberto ao apelo, à reivindicação, à morada da presença: “Grundbestimmung des Daseins: Offen für den Anspruch der Anwesenheit” (GA89:ZS, 217). Uma tal abertura, Offenheit, caracteriza este domínio…

  • (…) “liberação em relação às coisas (Gelassenheit zu den Dingen)” (Gelassenheit 23/54). Esse comportamento de Gelassenheit, que estaria além tanto da atividade quanto da passividade do sujeito da vontade, é uma das palavras-chave que Heidegger usa para falar do que traduzirei como “não-querer” (Nicht-Wollen). Gelassenheit é uma das várias expressões por meio das quais Heidegger…

  • Algumas conotações tradicionais de Gelassenheit — por exemplo, como uma libertação da vontade e como um descanso (Ruhe) dentro do movimento ou uma “calma interior” no meio da atividade — são de fato positivamente incorporadas ao pensamento de Heidegger. Mas, talvez em uma tentativa de liberar seu sentido das categorias do pensamento metafísico. Heidegger limita…

  • O impessoal (Das Man), a não pessoa em nosso gabinete de cínicos, lembra, em sua forma despojada, os manequins, tais como são utilizados pelos desenhistas para seus estudos de posições e esboços anatômicos. (270) Mas a posição a que visa Heidegger não é uma posição determinada. Ele observa o “sujeito” na banalidade de seu modo…

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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