Categoria: GA Temático

Extratos por temas e noções chaves das obras de Heidegger

  • Portanto, é errado afirmar, como faz Heidegger, que a morte de outro não ensina nada ao Dasein sobre sua própria morte 1; ao contrário, o oposto é verdadeiro: na provação do luto, morrer para… outro, parece indissociável de uma morte para… e de mim mesmo; o colapso daquelas possibilidades que eram minhas, que só eram…

  • Tentemos desenvolver essas ideias, que a autora deixa sem explicação, concernentes à arqueologia. Elas implicam, antes de mais nada, que não apenas a recordação, como em Bergson, mas também o esquecimento é contemporâneo à percepção e ao presente. Enquanto percebemos algo, o lembramos e o esquecemos ao mesmo tempo. Cada presente contém, nesse sentido, uma…

  • Uma estranha pobreza de descrições fenomenológicas contrasta com a abundância de análises conceptuais do nosso tempo. É um fato curioso que seja ainda um punhado de obras filosóficas e literárias escritas entre 1915 e 1930 a constituir a chave da sensibilidade da época, que a última descrição convincente do nosso estado de alma e dos…

  • Também o termo Ereignis, com o qual Heidegger designa o problema supremo de seu pensamento depois de Sein und Zeit, pode ser aproximado, do ponto de vista semântico, dessa esfera, como se torna evidente pela acepção heideggeriana (etimologicamente arbitrária) que lê nele o verbo eignen, “apropriar”, e o adjectivo eigen, “próprio”. Na medida em que…

  • A principal dimensão segundo a qual a presença concebida como ad-vir é temporalizada é o futuro. {Sein und Zeit} poderia, portanto, afirmar que “o futuro é o sentido da temporalidade”. Ainda hoje, essa formulação está repleta de mal-entendidos. Em {Ser e Nada}, por exemplo, Sartre contrasta sua própria valorização do presente com a pseudovalorização heideggeriana…

  • Uma fenomenologia da verdade: o significado da abordagem heideggeriana fica claro no primeiro parágrafo adicionado em 1949 à nota final da segunda edição de Da Essência da Verdade (GA9): “A questão de Sein und Zeit, relativa ao significado do ser, ou seja, da verdade do ser, não é desenvolvida aqui, onde o pensamento se atém…

  • Heidegger chama este desvelamento do ente que é realizado por meio da projeção do mundo de “entrada no mundo” do ente (Welteingang des Seienden). É claro que essa não é uma atitude ativa por parte do ente que é o objeto do desvelamento; ele permanece passivo nessa operação: ao falar de sua entrada no mundo,…

  • (… Dasein) é composto de duas palavras: Da e Sein. Da é geralmente traduzido como aí, Dasein como ser-aí. Mas essa tradução não transmite o significado heideggeriano da palavra. O português aí traduz Da como um advérbio de lugar. No entanto, para Heidegger, Da não designa um determinado lugar, mas a abertura do Dasein sobre…

  • (…) A vontade assegura seu lugar no centro do pensamento de Heidegger primeiramente em 1930, especificamente em sua afirmação da “vontade pura” como a resposta à questão da essência da liberdade humana, uma questão que se diz estar subjacente até mesmo à questão do ser (GA31:303). Essa ideia de uma vontade concreta que “realmente deseja…

  • Vamos começar desdobrando juntos a polissemia desse estranho título: a mudança Heidegger, possibilitada acima de tudo por sua mutabilidade sintática. “Mudança” tem valor tanto de substantivo (fr. le change) quanto de verbo (fr. changer). Assim, são possíveis três maneiras principais de entender a fórmula. Se “mudança” for tomado como um substantivo, “a mudança Heidegger” expressa,…

  • Como devemos compreender essa facticidade original? Será talvez a Weise algo como uma máscara que o Dasein deveria vestir? Ou não é verdade antes o contrário, isto é, que justamente aqui uma ética heideggeriana podería encontrar seu lugar? Os termos “fáctico” e “facticidade” mostram aqui toda a sua pertinência. O adjetivo alemão faktisch, tal como…

  • Quando, em 1994, surgiu a coletânea póstuma de textos de Hannah Arendt, intitulada Essays in Understanding, pôde-se observar com surpresa que o organizador da edição tinha inserido entre os artigos e ensaios um breve apontamento que tinha o tom confidencial de uma nota de diário ou de um mexerico. No texto, que tinha como título…

  • A filosofia existencial, filha do tédio e neta do espanto, procura descobrir, pela reflexão, a diferença ontológica entre o mundo das coisas e o mundo dos instrumentos. Heidegger diz que as coisas são nossa condição, e os instrumentos nossas testemunhas. Trata-se de um pensamento informado pela língua alemã e dificilmente pensável em português. “Coisas” em…

  • Como se sabe, na análise heideggeriana (e não apenas nela) aparece a questão da angústia e da preocupação intimamente ligada à questão do tempo. Simplificando muito, o complexo todo pode ser assim resumido: há uma maneira de ser da existência, na qual esta se rende ao mundo e se aliena progressivamente de si mesma, e…

  • Em primeiro lugar, é verdade que o principal autor de referência para os Grundformen é Heidegger. Mas é igualmente verdade, embora menos óbvio, que o pensamento binswangeriano deve seus insights fundamentais tanto a Heidegger quanto aos fenomenólogos menos conhecidos que o precederam no estudo do significado ontológico da afetividade: essa foi nossa observação inicial. Em…

  • Tomemos o ponto mais surpreendente da observação de Heidegger, a saber, que o ente no qual o mundo é constituído, embora não seja uma coisa do mundo e, portanto, uma coisa constituída, não é, de modo algum, “absolutamente nada de ente”. Mas onde e quando exatamente Husserl teria afirmado que essa vida real, que a…

  • A presente reflexão, em resposta ao convite de Elza Dutra, nasceu do cruzamento de um projecto, ainda inacabado, sobre o habitar, e da situação de reclusão provocada pela pandemia, que todos vivemos, há tão pouco tempo. Alimentou-se da meditação do último Heidegger e de alguns poetas, cuja leitura é como estar em casa. Mas procura…

  • Este trabalho procura fazer uma fenomenologia do comportamento que chamamos “aventura” e da temporalidade que lhe é própria. Procura-se o que é característico da sua experiência original e da sua sedimentação numa atitude e forma vital, potencialmente trivializável. Nesse sentido, partimos do ensaio de Simmel (1910) sobre a aventura, antes de aprofundar a análise, em…

  • Sossego e desassossego são termos que expressam formas de fazer a experiência do tempo, para além de poderem ser descritas psicologicamente como estados emocionais. Partindo da abordagem de três situações existenciais — de stress, de tédio e de gozo do momento presente — procura-se, neste trabalho, evidenciar fenomenologicamente os elementos estruturais característicos do encontro existencial…

  • A relação de Derrida com a fenomenologia baseia-se não apenas em seus estudos detalhados de Husserl, mas também em sua complexa relação com Heidegger. Assim, em Positions, Derrida afirma: O que tentei fazer não teria sido possível sem a abertura das questões de Heidegger… não teria sido possível sem a atenção ao que Heidegger chama…

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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