Categoria: Fenomenologia (Hermenêutica)
Fenomenologia, Hermenêutica e Fenomenologia Hermenêutica
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Excerto de “O Idiota e o Espírito Objetivo”. O problema de uma filosofia especificamente nacional, que encontre no caráter autóctone o seu critério de autenticidade (ia dizer validez), vem sendo reiteradamente colocado no Terceiro Mundo. Evidentemente, esse desiderato inscreve-se num complexo bem mais vasto de questões: trata-se do processo que pretende superar uma situação de…
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Júlio Fragata, A Fenomenologia de Husserl como Fundamento da Filosofia. Livraria Cruz, 1959 CAPITULO II A EVIDÊNCIA APODÍTICA 1. — INTENÇÃO SIGNIFICATIVA E INTUIÇÃO «Evidência» (Evidenz, Einsicht) e «intuição» (Intuition / Anschauung) são dois conceitos fundamentais e inseparáveis na filosofia de Husserl. Quase todas as suas obras refletem a preocupação de ter o leitor a…
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(HKIP) O que Lévinas opõe à totalidade é o infinito na medida em que ele transcende qualquer pensamento que o pense, qualquer síntese; é na relação com o outro que o infinito se produz. Ele retoma de Descartes o termo “infinito” (cf. Resposta às Quintas Objeções, AT VII, p. 368): “Parto da ideia cartesiana do…
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(ELTI) Não foi por acaso que a relação teórica foi o esquema preferido da relação metafísica. O saber ou a teoria significa, em primeiro lugar, uma relação tal com o ser que o ser cognoscente deixa o ser conhecido manifestar-se, respeitando a sua alteridade e sem o marcar, seja no que for, pela relação de…
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(HKIP) Nesse espírito, todos os problemas filosóficos podem então ser pensados a partir do exame dos vividos nos quais enfrentamos seu objeto. Assim, a fenomenologia não buscará apreender a essência do tempo de maneira especulativa, por exemplo, em relação à eternidade (“a imagem móvel da eternidade”, Platão, Timeu) ou em relação ao conceito (“o tempo…
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(Depraz1992) Em que sentido podemos falar de um cumprimento da épochè pela redução transcendental? E, antes de tudo, o que significa “transcendental”? A conquista da fenomenologia como transcendental é, como dissemos, sua conquista como fenomenologia no sentido forte. O que isso significa? O acesso ao regime transcendental de pensamento implica uma ruptura com um modo…
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Ernildo Stein, A questão do método na filosofia – um estudo do modelo heideggeriano 1 Na introdução de Ser e Tempo, que trata da exposição da questão do sentido do ser, após mostrar a meta da analítica ontológica do ser-aí e de apresentar a tarefa de uma destruição da historia da antologia, Heidegger desdobra o…
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(RMAP:239-242) A camada do si mesmo vivenciada nos “sentimentos vitais” é mais profunda, nela se anuncia um estado vital próprio: o estado “físico” — que são os modos de “se sentir no corpo”, como a fadiga, a frescura, o bem-estar, o mal-estar; e o estado “psíquico” — que são os humores ou “estados de alma”,…
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(Depraz1992) Sob o termo épochè, que em grego significa “parada, interrupção, suspensão”, Husserl pretende indicar o movimento inicial de redução, o primeiro movimento que se insere no prolongamento da atitude sem pressupostos. Trata-se, literalmente, de parar, ou seja, de interromper o fluxo dos pensamentos cotidianos, que são tantas opiniões ou convicções, e de questionar sua…
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(Depraz1992) Por que falar de redução ao “mundo da vida”? E, antes de tudo, o que é o “mundo da vida”? É importante evitar desde o início uma assimilação equivocada: o “mundo da vida” não é, pelo menos segundo Husserl, um retorno puro e simples à atitude natural. Na verdade, o “mundo da vida” tem…
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(Depraz1992) No entanto, o estado de crise dominante hoje, ligado a esse modo positivo de pensar que separa a pesquisa científica objetiva da busca pelo sentido de nossa vida, nem sempre prevaleceu, segundo Husserl. De onde vem, então, essa “alteração positivista da ideia de ciência” 1? Para compreender o sentido da crise atual das ciências…
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Excertos do livro “A Crise da Razão”, org. Adauto Novaes. Pretendo fazer aqui uma apresentação sobre o tema da razão, e inicio com algumas observações preliminares. Saliento, em primeiro lugar, que isso que se chama de razão, e que se expande hodiernamente como uma atividade dotada de uma auto-suficiência de fato extraordinária, na verdade teve…
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(Depraz1992) A expressão “crise das ciências europeias” é a primeira parte do título da última obra de Husserl, escrita entre 1934 e 1937 e não publicada durante sua vida 1. A Conferência de Viena, que escolhemos estudar, é, portanto, o primeiro rastro público dessa obra, e as Conferências de Praga, proferidas em novembro de 1935,…
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(Depraz1992) “A palavra intencionalidade não significa nada além dessa particularidade fundamental e geral que a consciência tem de ser consciência de algo (…)1.” Com essa tomada de consciência, Husserl avança em direção à formulação de uma nova filosofia. A intencionalidade é essa operação que leva a consciência em direção ao seu objeto, o qual, a…
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(JEVH) – Phantasie, Einbildung O vocabulário alemão correspondente à segunda modalidade intencional, ou seja, aquela que designamos, em francês, pelo único termo imaginação, não poderia deixar de apresentar enormes dificuldades aos tradutores, já que Husserl, sempre que tratou dela, utilizou todos os recursos oferecidos pelas duas séries de termos formados a partir de uma etimologia…
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(JEVH) Esse termo, que etimologicamente remete à ideia de ação (-ung) de uma sombra (Schatten) que se destaca (ab-), de uma silhueta que se delineia, foi geralmente traduzido, em vez do antigo termo emprestado da técnica do desenho — adumbração, que corresponde muito exatamente a ele, mas que seria demasiado rebuscado —, por perfil, no…
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(JEVH) Evidentemente, não é o pronome latino ego (eu) que, por si só, pode apresentar uma dificuldade de compreensão, nem seu correspondente alemão ich, que Husserl também emprega, mas com menos frequência: é o adjetivo rein (puro), com o qual ele o acompanhou a partir de 1913 em várias passagens características do Livro I de…
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Conferência do Prof. Carneiro Leão no 1º Ciclo de Conferências – “Kierkegaard, apóstolo da existência”
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(JEVH) Foi apenas na última obra que ele próprio publicou que Husserl recorreu sistematicamente a esse termo, para qualificar a situação em que se encontram, desde o início dos Tempos Modernos, as “ciências europeias”. No entanto, não há nada de absurdo em considerar que ele poderia tê-lo empregado já antes, em pelo menos três de…