Categoria: Fenomenologia (Hermenêutica)

Fenomenologia, Hermenêutica e Fenomenologia Hermenêutica

  • Os estudos de Heidegger têm sido frequentemente deturpados por um sério mal-entendido do termo ôntico. Embora muitos leitores se comportem como se o termo significasse “pertencente a objetos”, na verdade ele significa “pertencente à presença-à-mão” ( Zuhandenheit ). Devido a essa interpretação errônea, os leitores de Heidegger tendem a pensar que estão no caminho certo…

  • Embora argumente que a filosofia de Heidegger é compatível com uma discussão de vários temas concretos, também afirmo que nenhum desses temas pode ser encontrado em seus escritos. Heidegger é um pensador não apenas profundo, mas profundamente monótono. Se você arranhar a superfície de seu Stimmung, Zeitlichkeit, Spielraum ou Zwitterwesen, verá que são apenas apelidos…

  • Heidegger abusa de sua noção de “estrutura-como” (Als-Struktur) de uma forma frequentemente repetida por seus admiradores. Por um lado, supõe-se que o “como” seja uma estrutura global encontrada em todos os lugares e em todos os momentos: toda experiência é uma experiência de algo “como” algo, não importa o quão marginal ou nebuloso seja. Mas,…

  • Há uma safra abundante de excelentes razões periféricas para concentrar nossa atenção no conceito de ser-utensílio: (a) Como já foi sugerido, a análise da ferramenta de Heidegger é válida para todas as entidades — não excluindo os seres humanos. Portanto, a análise da ferramenta é muito mais abrangente do que a famosa análise do Dasein.…

  • Então, o que Heidegger realmente quer dizer com essa noção inescrutável de quadratura (Geviert)? O melhor lugar para procurar uma resposta é certamente “Einblick in das, was ist” (GA79). Embora muito barulho tenha sido feito sobre o lançamento do centenário do Beiträge zur Philosophie (GA65) de Heidegger em 1989 (um fólio intrigante, mas bastante desorganizado),…

  • O relato de 1919 sobre a gênese da teoria também tem um toque familiar. Aqui, como mais tarde, somos informados de que a teoria nos arranca do interior do mundo e, de alguma forma, des-munda a coisa sobre a qual se teoriza. O ambiente é composto de objetos e ações — de situações. Em um…

  • Já vimos que a estrutura-como (Als-Struktur) é incapaz de distinguir entre a teoria humana e a percepção mais atordoada encontrada nos insetos. Mas o mesmo se aplica aos estados de espírito (Befindlichkeit) ou às sintonizações (Stimmung). Nenhum tipo de humor tem um acesso ontológico privilegiado ao ser das coisas. Tanto a teoria quanto o estado…

  • Já deve estar ficando claro que Heidegger concebe o modo de ser humano como essencialmente condicionado. O dualismo, o empirismo e o idealismo pressupõem, de várias maneiras, que o sujeito humano pode, de alguma forma, transcender o reino material sobre o qual fixa seu olhar e, portanto, que os seres humanos são apenas contingentemente possuidores…

  • (…) (Heidegger) diz, no contexto da análise existencial: A repetição é tradição expressa, ou seja, regressão a possibilidades do Dasein que já existiram… A repetição do possível não é nem uma restituição do “passado”, nem o fato de reconectar o “presente” ao “passado”… Em vez disso, a repetição responde à possibilidade de existência que já…

  • Quanto à significação da linguagem (…) é a partir de um exame da concepção heideggeriana de linguagem que devemos esperar esclarecimentos. Isso também será decisivo para entender a legalidade dos Esclarecimentos sobre a Poesia de Hölderlin (GA4). Devemos, portanto, retornar a Ser e Tempo, onde a linguagem é examinada tematicamente pela primeira vez (SZ, §…

  • A temporalidade é agora a unidade articulada do por-vir, do ter-sido e do presentar, que são, assim, dados a pensar juntos: “O fenômeno que oferece tal unidade de um por-vir que torna presente no processo de ter-sido, chamamo-lo temporalidade” [SZ:326]. (119) Podemos ver em que sentido essa espécie de dedução de uma pela outra das…

  • A questão da historialidade é introduzida pela expressão de um escrúpulo (Bedenken), que nos é agora familiar: “Submetemos, na realidade, o caráter de totalidade do ser-aí, relativamente a seu autêntico ser-um-todo, ao alcance prévio (Vorhabe) da análise existencial?” (SZ:372). Falta à temporalidade um traço para que ela possa ser tida como integral: esse traço é…

  • O clímax da análise de Heidegger é a correlação de ser com tempo, em oposição às estruturas estáveis e fixas da tradição, que sempre viram o tempo como problemático do ponto de vista ontológico. Com o ser-no-mundo organizado como cuidado e baseado na finitude do ser-para-a-morte, o significado do ser está, em última instância, associado…

  • Heidegger dá prioridade expressa à dimensão do futuro (BTMR, 372), como Zukunft, o ser-a-vir. O presentar não pode ter primazia na expressão dos movimentos da existência do Dasein. O futuro, como um ser-a-vir, tem primazia, mas sempre em meio ao passado como ser-sido (que é uma maneira formal de expressar o círculo hermenêutico). O futuro…

  • A temporalidade recebe uma referência mais concreta no conceito de Geschichtlichkeit, ou historicidade (BTMR, 434). A historicidade envolve as formas culturais específicas que a temporalidade do Dasein assume, como a atualização de possibilidades em meio a tradições herdadas. Assim como a temporalidade, a historicidade não pode ser fixada ou fundamentada. A prioridade do futuro rompe…

  • Um modo fundamental de ser-no-mundo que revela o “aí” é encontrado na cunhagem de Heidegger de Befindlichkeit e suas manifestações no humor (Stimmung).1 O humor pode ser chamado de tonalidade afetiva (com base em conotações de stimmen), uma revelação precognitiva de várias maneiras pelas quais o mundo importa para o Dasein (BTMR, 176) e interessa…

  • A suposta “simplicidade” do “eu penso” é igualmente enganosa, uma sedução de palavras. Nietzsche desafia a confiança na noção de uma certeza imediata (o imediatismo e a evidência do “eu penso”). Em Além do Bem e do Mal (parágrafo 16), Nietzsche fala da crença desses “inofensivos observadores de si mesmos” na superstição do “eu quero”…

  • Na verdade, um ego substancial subjacente não é um fato fenomenológico, mas um ídolo metafísico e, em última análise, para Nietzsche, um preconceito linguístico. A egologia substancialista da tradição cartesiana abriga uma metafísica implícita da gramática. “Infere-se aqui de acordo com o hábito gramatical: ‘pensar é uma atividade; toda atividade requer um agente; consequentemente —’”…

  • A problemática da ipseidade manifesta esse jogo entre o próprio e o impróprio, ao qual Heidegger mais tarde se referiria como o pertencimento de Ereignis e Enteignis. A ipseidade que está na base de cada Eu e Tu não será mais concebida como um traço do Ser que o Dasein tem de ser compreensivamente, mas…

  • Assim como o ser-sempre-meu (Jemeinigkeit) apontava na direção da ipseidade, o pensamento de Ereignis se preocuparia com o que é próprio do homem e com o que é próprio do Ser, na medida em que o Ser é próprio do homem e vice-versa.1 Assim como a Selbstheit do ser-sempre-meu precedeu tanto o Ser-Eu quanto o…

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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