Caron (2005:560-561) – vontade de poder, nova interpretação da essência do sujeito

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A Vontade de Poder é a nova interpretação da essência do sujeito, um sujeito agora abertamente chamado por Nietzsche ao domínio da terra; e a Vontade de Poder é também a caracterização do ser do ente; assim, o sujeito que é Vontade de Poder é chamado, por um lado, a fazer-se senhor (561) do ente e, por outro, a conformar-se a esta entidade que é Vontade de Poder. Referindo-se ao § 125 do Gai Savoir, Heidegger afirma: “O Todo do ente enquanto tal foi sorvido pelo homem. Pois o homem elevou-se no egoísmo do ego cogita. Com esta elevação, todo o ente se torna objeto. O ente é sorvido, como objetivo, na imanência da subjetividade. O horizonte já não irradia de si mesmo. Ele não é mais do que o ponto de vista nas instituições de valores da Vontade de Poder” [GA5:261]. É sobre tal concepção da ipseidade que se cumpre a metafísica da subjeti(vi)dade; e é contra esta concepção geral que é menos uma causa do que um sintoma da era conceitual reinante, contra esta concepção que hoje impregna natural e inconscientemente a mente mesmo daqueles que não a leram, é contra esta concepção que o pensamento heideggeriano pretende retomar o caminho que conduz ao Dasein. A realização nietzschiana é o inimigo íntimo do pensamento heideggeriano, o que explica a obstinação cortês com que Heidegger combaterá Nietzsche e as concepções que dele derivam, ao ponto de rejeitar as belezas consideradas tentadoras na poesia de Rilke, consideradas demasiado próximas “desta doença do pensamento ocidental” refletida na metafísica nietzschiana.

original

[CARON, Maxence. Heidegger. Pensée de l’être et origine de la subjectivité. Paris: CERF, 2005]

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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