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O desacordo fundamental entre a fenomenologia, tal como Husserl a quis legar àqueles que considerava seus discípulos, e a fenomenologia, tal como Heidegger pretendeu abri-la às possibilidades que nela existem, é a questão do solo, ou seja, a origem da subjetividade. Como nota J.-F. Courtine, “é a questão do solo (Boden) que é decisiva para iluminar a relação de Heidegger com Husserl”, e a questão do solo toma a forma da origem da subjetividade em Heidegger. Husserl não procura, em rigor, essa origem, uma vez que a fenomenologia transcendental se baseia fundamentalmente no ego que, para Husserl, se torna o solo do qual Heidegger afirma que uma subjetividade que se abre ao enigma da sua própria constituição não pode constituir o locus. Em perfeita continuidade com os seus próprios princípios e resultados, Husserl considera que não precisa procurar a origem da subjetividade, uma vez que um conceito desta subjetividade considerado suficientemente operativo tenha sido adquirido através da redução fenomenológica. As motivações críticas de Heidegger dizem sobretudo respeito ao problema desse ego que Husserl não parece querer pensar o ser do ser intencional a partir do momento em que se obtém o modo de ser desse ser intencional e o seu modo de funcionamento como subjetividade transcendental. A radicalidade heideggeriana na procura da origem do eu não pode ficar por aqui e quer que o ser humano seja primeiro encarado como “aquele ente que existe portando olhar sobre o ser” (GA34, p. 77; EV, p. 98).
Original
CARON, Maxence. Pensée de l’être et origine de la subjectivité. Paris: CERF, 2005.
- Héritage dont Heidegger montrera qu’il est celui de toute la conceptualité d’une tradition philosophique que Husserl n’a pas pensée.[
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- J.-F. Courtine, Heidegger et la phénoménologie, p. 167 n.[
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- GA34, p. 77 ; EV, p. 98.[
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- Quand Husserl s’attache à chercher un fondement de cette intuition catégoriale, il ne parle pas de fondement ontologique, mais affirme que « le concept d’intuition catégoriale manque encore d’un fondement descriptif » (Hua XX, p. 145 ; RL III, p. 178), étant entendu par là que toute question de fondement de cette intuition sera susceptible, pour Husserl, d’être réglée par une simple description dont la pertinence, si elle est mise en évidence, suffira à établir le fondement qui dépend, en son être-fondement, de l’efficacité conceptuelle que cette description engendrera. Une description phénoménologique qui fera apparaître l’efficacité que peut produire une nouvelle notion sera jugée satisfaisante pour servir de fondement. C’est la description, la certitude qu’elle engendre pour l’intuition et l’efficacité qu’elle produit, qui font droit – ce que Heidegger refuse.[
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