Para Heidegger, Kant seria um pensador “genuíno” na medida em que olha para as profundezas e para os abismos do ser. Segundo Heidegger, o pensamento “ama” o abismo. Ele se deve à “clara coragem para a angústia essencial” (GA9). O início do pensamento não é a confiança no mundo, mas a angústia. Assim, o pensamento bravamente se expõe à “voz silenciosa que nos dispõe para o espanto do abismo” (GA9). A metáfora do mar abissal ao qual o pensamento deve corajosamente se expor também se encontra em Heidegger. Em sua viagem à Grécia, ele relembra Píndaro, que teria chamado Creta de “ilha que doma as ondas” ou a “cidade natal dos remadores habilidosos” (GA75:28). Assim, o pensamento também terá que domar as ondas selvagens, pois ele se move nas “águas ondulosas de um mar” (GA8:169), no “abismo das vagas do mar” (GA3:241). (ByungA)