A ciência é, pois, um diálogo com a realidade, instituído pelo homem. Um diálogo que convoca o real a vir à presença do espirito em modelos funcionais ou operativos. No modelo, a realidade aparece como «científica». Antes de entrar na malha do modelo, era a-científica. No instante em que se torna científica, ela perde sua «identidade». A «realidade científica» apenas evoca a realidade. «Evocar» na ciência a identidade ou a verdade da realidade é o dilema do homem-de-hoje, o dilema da civilização técnico-científica. Humanizar-se-hoje significa conduzir a realidade, e o homem em primeiro lugar, a sua verdade na via da cientificidade. O problema da modernidade está em não negar ao homem a viagem da cientificidade, mas aviá-lo a seu destino no extravio ou na odisseia da ciência.
{[BUZZI, A. Introdução ao pensar. Petrópolis: Vozes, 1973.]}