A vontade: A “(des)sintonia fundamental” da “incorporação extática”; isto é, o comportamento básico de “ser mestre além de si mesmo”, de representar e tratar o que é diferente de si mesmo como um meio para a preservação e o aprimoramento do próprio poder.
Não-querer (not-willing): A simples negação ou estado deficiente de querer; resignação passiva em oposição à afirmação ativa de querer. Uma filosofia do não-querer seria o quietismo, em oposição ao voluntarismo.
Vontade deferida (deferred-willing): Deixar de lado a própria vontade em favor da vontade de outra pessoa, seja aquiescendo passivamente ou tornando-se ativamente um recipiente para essa outra vontade, seja ela o líder de um estado, um deus etc.
Vontade encoberta (covert-willing): A forma de vontade que se oculta (talvez até de si mesma) sob o disfarce de não-querer ou vontade deferida; em outras palavras, a simulação da negação ou deferência à vontade de alguém com o objetivo de preservar e aumentar seu poder.
O domínio da vontade: Toda a gama de modos possíveis de querer, incluindo não apenas a afirmação direta da vontade, mas também o não-querer, o querer deferido e o querer encoberto. Observe que “o problema da vontade” precisa ser totalmente entendido como o problema de todo esse domínio da vontade.
Não-vontade (non-willing): A “sintonização fundamental (adequada)” de Gelassenheit, que não pode ser determinada como querer, não-querer, vontade deferida ou vontade encoberta. O prefixo “não-” (non-), diferente da simples negação de um “not-” ou da oposição polar de um “anti-”, expressa uma negação radical; e, portanto, “não-vontade (non-willing)” indicaria uma região de Gelassenheit fora e diferente de todo o domínio da vontade.
(DAVIS, Bret W.. Heidegger and the Will. On the Way to Gelassenheit. Evanston: Northwestern University Press, 2007)