“A antecipação do Dasein em resolução corresponde a uma presentificação segundo a qual a resolução revela a situação. A resolução não apenas libera o presente da distração que caracteriza a ocupação imediata, mas também a liga ao futuro e ao passado-presente. Esse presente, englobado por uma temporalidade autêntica e que, portanto, é ele mesmo autêntico, é o que chamamos de instante (SZ:338)”.
O instante, entendido como êxtase, não é um momento temporal, um “nunc” presente no qual algo acontece, mas é o que torna presente (o que permite o encontro do ente), e é por isso que é verdadeiramente presente.
O termo oposto ao instante é Gegenwärtigen. Tentamos transmitir seu significado traduzindo-o como presentificação: é um processo que insiste no imediato. O que o instante e a presentificação têm em comum é o fato de se tornarem presentes. Ambos se tornam presentes, mas de maneiras diferentes. Enquanto o instante abre o presente e, portanto, permite que o Dasein esteja simultaneamente no futuro e no passado-presente e, assim, compreenda o que é verdadeiramente presente, a presentificação é a curiosidade insaciável que se alimenta continuamente do presente, sem compreendê-lo. Essa temporalização do presente poderia ser chamada de presentificação. Ela se dispersa nos dados do presente, sem realmente se firmar no presente. A essência da presentificação é a curiosidade (Neugier): Heidegger fez uma análise extremamente penetrante sobre isso (SZ:346).
(BIEMEL, Walter. Le concept de monde chez Heidegger. Paris: Vrin, 1987)