Agamben (2017:16) – vida

Ivan Illich observou que a noção corrente de vida (não “uma vida”, mas “a vida” em geral) é percebida como “fato científico”, que não tem mais relação nenhuma com a experiência de cada ser vivo. Ela é algo anônimo e genérico, que pode designar um espermatozóide, uma pessoa, uma abelha, uma célula, um urso ou um embrião. Desse “fato científico”, tão genérico que a ciência renunciou a defini-lo, a Igreja fez o último receptáculo do sagrado, e a bioética o transformou no termo-chave de seu impotente conjunto de tolices. Em todo caso, “vida” tem a ver hoje mais com a sobrevivência do que com a vitalidade ou com a forma de vida do indivíduo.

(AGAMBEN, Giorgio. O Uso dos Corpos. São Paulo: Boitempo, 2017, p. 16)

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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