Möglichkeit, Möglichkeiten, possibilité, possibilités, possibilidade, possibilidades, possibility, possibilities
Os conceitos de δύναμις e ενέργεια, na tradução latina, potentia e actus; na alemã, Vermögen e Verwirklichung (poder e realização) ou ainda Möglichkeit e Wirklichkeit (possibilidade e realidade). (GA33:3; tr. Giachini)
Como categoria modal da subsistência a possibilidade significa o que ainda não é efetivamente real e o que nunca é necessário. Ela caracteriza o somente possível. Ela é ontologicamente inferior à realidade efetiva e à necessidade. A possibilidade como existenciário, ao contrário, é o mais originário e a última determinidade ontológica positiva do Dasein-, de imediato, como existenciariedade em geral, ela pode ser unicamente preparada como problema. O solo fenomênico, para ela em geral ser vista, é oferecido pelo entender como poder-ser que-abre.
A possibilidade do existenciário não significa o poder-ser flutuante no sentido da “indiferença do arbítrio”. O Dasein, como o que essencialmente pode ser encontrado (Befindlichkeit), já entrou sempre em determinadas possibilidades e, como poder-ser que é, deixa que algumas possibilidades passem, abrindo mão constantemente de possibilidades de seu ser, quer as apreenda, quer não. Mas isto significa: o Dasein é um ser-possível entregue à responsabilidade de si mesmo; é, de ponta a ponta, uma possibilidade dejectada. O Dasein é a possibilidade do ser-livre para o poder-ser mais-próprio. O ser-possível é transparente para si mesmo em diversos modos e graus possíveis. (SZ:143; STCastilho:409)
All of human living cannot be there constantly. The possibilities (Möglichkeiten) that a human existence has at its disposal are not constantly there within the stretching of being-there (Erstreckung des Daseins); it loses itself. The possibility (Möglichkeit) deteriorates, and being-there requires ever new and constantly repeated appropriation (Aneignung). The peculiarity of that upon which it depends in repetition (Wiederholung) as a determinate practice (Übung) can be characterized by the fact that all action (Handlung), and all non-action (Nicht-Handeln), is oriented toward the μεσότης. Aristotle emphasizes, again and again, that the μέσον is hard to find and easy to miss; errors are easy. To fly off the handle is easy, but to be angry at the right moment is difficult. This requires the possibility of being able to seize the moment as a whole (Ganzes). Therefore, acting (Handeln) seldom occurs on the basis of the μεσότης and in the μεσότης. (GA18MT:128)
VIDE: (Möglichkeit->http://hyperlexikon.hyperlogos.info/modules/lexikon/search.php?option=1&term=Möglichkeit)
possibilidade
posibilidad
possibilité
possibility
NT: Possibility (Möglichkeit): as an existential, it is the most original and positive ontological determination of Da-sein, 143-144; higher than actuality, 38, 262, 299; of Da-sein, 7, 12-13, 19-20, 42-43, 50, 62, 104, 125-126, 144, 148, 170, 173, 177-178, 181, 187-188, 191, 193-195, 199, 211, 236, 239-240, 244, 250, 260, 264, 266, 270, 273, 284, 288, 295, 325, 384, 394, 396; of impossibility of existence, 250, 262, 265-266, 306; impossible an possible, 342; death as, 248, 250-266, 302-303, 307, 309, 391; being toward, 262; extreme, 122, 182; existentiell, 267-270 (§ 54), 336-337; factical, 264, 299, 383-384; ontic and ontological, 312; category of logical, 143; as project of understanding, 145-148, 151, 194, 260, 270, 274, 284-285, 295, 302, 306, 312, 324, 336, 339, 383, 387, 394, 397. See also Condition of possibility; Future; Meaning; Potentiality of being; Project (BTJS)
“Possibilidade” é a possibilidade aberta a Dasein: “Dasein não é algo simplesmente-dado (Vorhandenheit) que ainda possui de quebra a habilidade de poder alguma coisa. Primariamente, Dasein é possibilidade de ser. Todo Dasein é o que pode ser e o modo (wie) em que é a sua possibilidade” (SZ, 143). Assim, Heidegger altera a tradicional e aristotélica ordem de prioridade entre as “modalidades” (Modi; Weise): “Mais elevada do que a realidade está a possibilidade” (SZ, 38). “Possibilidade” neste sentido é bastante diferente de “possibilidade lógica vazia” e da “contingência do ser-simplesmente-dado, para o qual várias coisas podem ‘acontecer’” (SZ, 143). Ela aproxima-se do “poder-ser”: “Dasein é a possibilidade de ser-livre para o seu próprio poder-ser” (SZ, 144). (Das) Seinkönnen, de sein, “ser”, e können, “poder”, é “poder (können) ser (sein)” ou talvez “capacidade/potencialidade para (o) ser (Sein)”. Difere de ” possibilidade” no sentido de, como infinitivo substantivado, não ter plural, ao contrário de Möglichkeit, -en, “possibilidade, -s”. (DH)
NT: Possibilidade – atualidade. – Já em Ser e Tempo o filósofo afirma: “Acima da atualidade está a possibilidade”, p. 38. Aqui o repete: “O possível situa-se acima do atual. “A afirmação do primado da possibilidade sobre a atualidade é um dos subterrâneos motivos fundamentais do pensamento heideggeriano. Possível, possibilidade tomam aqui sentido bem diverso do da tradição: dynamis-energeia, ato e potência. A categoria da possibilidade refere-se ao ser enquanto velamento e desvelamento; vem contida na ambivalência do termo aletheia, e é, assim uma das chaves para a interpretação do método fenomenológico (Ver E. Stein: Compreensão e Finitude, pp. 39-42). O uso de categorias carregadas de ambiguidade e ambivalência do ponto de vista semântico constitui traço característico e relevante nos textos do filósofo e lhe dá uma ressonância e intensidade raras, hoje em dia, na literatura filosófica. Numa época em que a busca do rigor e da economia na linguagem filosófica exige cada vez maior formalização, perde-se esta ambivalência e polissemia. Os sistemas lógicos puramente extensionais reduzem os valores de verdade a dois: “verdadeiro” e “falso”. Quando, porém, não se busca apenas a significação ou referência (Bedeutung), mas o sentido (Sinn), a intenção do termo ou da proposição, salva-se a possibilidade de um jogo quase ilimitado com a linguagem, ou melhor, salva-se aquela estranha transgressão de limites com que se deparam todas as formalizações no terreno da linguagem. Por vias pouco usuais para as modernas preocupações com a linguagem, Heidegger explora radicalmente a intencionalidade. Ao lado da semântica extencional deve-se pressupor a possibilidade de uma semântica intencional para aceitar as proposições heideggerianas. Com um autor com intenções essencialmente ontológicas, nada pode fazer a lógica extencional. (Ernildo Stein; MHeidegger:Nota)
Möglichkeit (die), Möglichsein (das), möglich sein: «posibilidad», «ser posible» (el), «ser posible». «Posibilidad» (Möglichkeit) es el concepto opuesto a «realidad» (Wirklichkeit) y goza de un rango ontológico superior a esta última: «Por encima de la realidad está la posibilidad» (SZ, p. 38). Hay que tener presente que Heidegger elabora el sentido de posibilidad en una confrontación con los conceptos aristotélicos de «potencia» (dynamis) y de «acto» (energeia). En las lecciones del semestre de verano de 1926, Conceptos fundamentales de la filosofía antigua, Heidegger distingue una posibilidad en sentido negativo, a saber, la posibilidad puramente lógica, y una posibilidad en sentido positivo entendida como «poder hacer», «resolverse a», «ser capaz de» (Vermögen). Véase también la entrada Wirklichkeit. (GA60, pp. 246, 249, 306; GA63, pp. 16, 17, 19; GA17, pp. 26, 30; GA20, pp. 185, 206 (Dasein), 412-413 (comprender), 433, 435, 439-440; GA21, pp. 219 (Dasein como posibilidad), 228, 235, 414; GA22, pp. 186-187 (poder ser, vida); SZ, pp. 36, 38,42-43, 86, 143-144 (Dasein = ser posible primario), 145 (proyectar), 147, 148, 151, 181 (estado arrojado), 187-188 (angustia), 191-192, 193, 195, 221 (proyecto), 228, 233, 234, 236, 250 (poder-ser, muerte), 255, 261-263 (existencia), 266, 267 (poder ser sí mismo), 277 (inhospitalidad), 295, 298, 303 (posibilidad más extrema), 308, 312 (ser del Dasein), 325, 343, 359, 383, 385, 391-392, 394.) (LHDF)
Os leitores de Ser e Tempo rapidamente deparam-se com um tema que aparenta ser quase um axioma na fenomenologia hermenêutica: o ser humano tende a interpretar o seu modo de ser a partir de conceitos que são adequados ao tipo de ente que ele mesmo não é (GA2, pp. 21-22). Uma consequência dessa transgressão categorial não contingente está presente nas tentativas de elaborar uma ontologia do domínio dos seres humanos a partir do esquema categorial propriedade-substrato de propriedades (a determinação de algo como algo de acordo com as noções de substância-acidente). De aí que uma das dificuldades metodológicas da analítica existencial consiste precisamente em elaborar uma interpretação ontológica que não cometa essa transgressão categorial. Se essa cláusula hermenêutica implica um severo procedimento de suspensão de importantes conceitos elaborados ao longo da tradição ontológica e antropológica, de um ponto de vista positivo, ela compromete-se, ademais, com a dificuldade de oferecer uma delimitação categorial adequada e que, portanto, não suponha uma determinação ontológica definida pelo esquema propriedade-substrato.
Essa delimitação é introduzida, já ao início de Ser e Tempo, como a noção de existência. Segundo essa determinação, um ente, cujo modo de ser é a existência, não recebe suas determinações a partir de propriedades, mas é determinado somente partir de maneiras de ser, ou seja, ele é sempre sua possibilidade e nada mais do que isso (GA2, pp. 56-57). Em suma, a determinação positiva da existência está dada pela noção de possibilidade. (RRRAM:16)