Cremos haver compreendido melhor o que é a leitura de um texto. Na verdade, jamais existirá um leitor ante o qual se encontre simplesmente aberto o grande livro da história do mundo mas também não deverá nunca um leitor que, com um texto ante seus olhos, leia simplesmente o que está nele. Em toda leitura tem lugar uma aplicação, e aquele que lê um texto se encontra, também ele, dentro do sentido que percebe. Ele mesmo pertence também ao texto que entende. E sempre há de ocorrer que a linha de sentido que vai se mostrando a ele ao longo da leitura de um texto acabe abruptamente numa indeterminação aberta. O leitor pode e até tem de reconhecer que as gerações vindouras compreenderão o que ele leu neste texto de uma forma diferente. E o que vale para cada leitor vale também para o historiador. Só que para este trata-se do conjunto da tradição histórica que ele tem de mediar com o presente de sua própria vida, se é que quer compreendê-lo, e que com isso mantém simultaneamente aberto para o futuro. 1850 VERDADE E MÉTODO SEGUNDA PARTE 2.