[…] Heidegger começou muito cedo a perceber o necessário privilégio da especulação ontológica. Segundo o seu próprio testemunho, o ponto de partida de suas perquirições fez-se em oposição aos neokantianos e à fenomenologia. Realmente, sabe-se do amplo predomínio das diversas orientações neokantianas na universidade alemã do princípio do século. E as inovações que começaram a ser introduzidas por Husserl, a partir da publicação das Investigações Lógicas, por inovadoras que fossem abandonaram, (…)
Página inicial > Palavras-chave > Autores - Obras > Derrida / Jacques Derrida / JDBS1
Derrida / Jacques Derrida / JDBS1
JACQUES DERRIDA (1930-2004)
OBRA NA INTERNET: LIBRARY GENESIS
DERRIDA, Jacques. De l’esprit. Heidegger et la question. Paris: Galilée, 1987 / Do espírito : Heidegger e a questão. Tr. Constança Marcondes Cesar. Campinas: Papirus, 1990
DERRIDA, Jacques. A besta e o soberano (Seminário) : vol I (2001-2002). Tr. Marco Casanova . Rio de Janeiro: Via Verita, 2016 [JDBS1]
DERRIDA, Jacques. Séminaire La bête et le souverain II. Paris: Galilée, 2008
Jacques Derrida. Le siècle et le pardon. Entretien publié dans Le Monde des Débats, Décembre 1999
Matérias
-
Bornheim (1980:172-178) – passagem do gnosiológico para o ontológico
17 de novembro, por Cardoso de Castro -
Krell (2013:39-41) – mundo
13 de outubro, por Cardoso de Castro[…] Quanto à besta, a passagem a seguir revela o paradoxo central das questões (ou antinomias) de Derrida com relação à problemática comunidade do mundo para a besta e o soberano, ou, de forma mais ampla, para o animal, o deus e o ser humano juntos:
1. Incontestavelmente, animais e humanos habitam o mesmo mundo, o mesmo mundo objetivo, mesmo que não tenham a mesma experiência da objetividade do objeto. 2. Incontestavelmente, animais e humanos não habitam o mesmo mundo, pois o mundo humano (…) -
Krell (2013:31-32) – zoe e bios
13 de outubro, por Cardoso de Castro12. Principais fontes: Heidegger, Introduction to Metaphysics (GA40:EM) e “Letter on Humanism” [GA9]; Ellenberger, Médicines de l’âme; Evangelho de João; Aristóteles, Politics and Metaphysics; Agamben, Homo sacer I; Foucault, History of Sexuality I (1976).
Derrida inicia a sessão questionando a suposta — e hoje quase universalmente aceita — distinção entre ζωή e βίος. O primeiro supostamente se refere ao lado “animal”, “natural” ou “físico” da vida, enquanto o último se refere a uma vida (…) -
Derrida (1987:32-36) – Geist
20 de junho de 2023, por Cardoso de CastroDo espírito é um título bem francês, exageradamente francês para fazer ouvir o geistige ou o geistliche do Geist. Mas justamente ouvir-se-á talvez melhor em alemão. Talvez, em todo o caso, sejamos mais corretamente sensíveis à sua germanidade se o deixarmos ressoar em uma língua estrangeira, para pô-lo à prova na tradução, ou antes, se pusermos à prova sua resistência à tradução, e se submetermos nossa língua à mesma prova.
[…]
Há, primeiro, a necessidade de uma explicação essencial, a (…) -
Raffoul (2020:291-294) – A expropriação [Enteignis] pertence à Apropriação [Ereignis]
28 de outubro, por Cardoso de CastroIrredutível, o segredo não pode ser conhecido ou tematizado. No entanto, conforme observado anteriormente, Derrida fala significativamente de sua performatividade, ou seja, de sua eventualidade. O segredo acontece. E o acontecimento, por sua vez, sempre abriga um segredo, acontecendo em um movimento expropriativo. Em Filosofia em Tempos de Terror, buscando precisamente radicalizar essa inapropriabilidade do acontecimento, Derrida explica que o pensamento heideggeriano do ser como (…)
-
Derrida (2008:340-343) – logos
12 de março, por Cardoso de Castrodestaque
No § que se segue [em GA29-30] à confissão sem confissão, e ao compromisso de se afastar da Täuschung a propósito da Täuschung em Sein und Zeit, Heidegger sublinhará sucessivamente, colocando-as em itálico, as palavras "Möglichkeit" (possibilidade) e "Vermögen" (poder, faculdade, etc.). A raiz comum, Mögen, de que já falamos longamente, autoriza esta transição, mesmo que seja grave. A essência do logos, recorda-nos Heidegger, reside no facto de nele residir a possibilidade (…) -
Polt (2013:28-31) – qual é a fonte do próprio ser?
1º de outubro, por Cardoso de CastroMas há uma questão mais fundamental: qual é a fonte do próprio ser? Os entes nos são dados graças ao ser, mas o próprio ser também nos é dado. Ele está disponível para nós, pois podemos reconhecê-lo e tentar descrevê-lo. Como temos acesso a ele? Chegamos agora a uma problemática mais distintamente heideggeriana. Argumentarei que o Seyn de Heidegger é mais bem interpretado como a dação do ser, ou seja, como o acontecimento no qual os entes como tais e como um todo são capacitados a fazer a (…)
-
Derrida (1999) – perdão
13 de março, por Cardoso de Castrodestaque
Por isso, arrisco-me a fazer esta proposta: sempre que o perdão serve um objetivo, por mais nobre e espiritual que seja (redenção, reconciliação, salvação), sempre que visa restabelecer a normalidade (social, nacional, política, psicológica) através do trabalho de luto, através de uma qualquer terapia ou ecologia da memória, então o "perdão" não é puro — e o seu conceito também não. O perdão não é, nem deve ser, normal, normativo ou normalizador. Deve permanecer excepcional e (…) -
Derrida (Monolinguismo) – O monolinguismo mora em mim e moro nele
11 de maio, por Cardoso de Castrodestaque
— Imagine alguém que cultivasse o francês.
Isto que se chama francês.
E que o francês cultivaria.
E que, sendo um cidadão francês, seria, portanto, um sujeito, como dizemos, da cultura francesa.
E um dia esse sujeito da cultura francesa viria até você e diria, por exemplo, em bom francês:
"Só tenho uma língua, não é a minha".
E de novo, ou ainda:
"Sou monolíngue. Meu monolinguismo reside, e eu o chamo de meu lar, e o sinto como tal, fico nele e moro nele. Ele mora em (…) -
Krell (2013:37-41) – solitude [Einsamkeit]
13 de outubro, por Cardoso de Castro1. Fontes: Martin Heidegger, Die Grundbegriffe der Metaphysik: Welt-Endlichkeit-Einsamkeit (“Os Conceitos Básicos da Metafísica: Mundo-Finitude-Solitude”), ensinado em 1929-1930, publicado em 1983 [GA29-30]; Daniel Defoe, Robinson Crusoé (1719); Paul Celan, Atemwende (1967); James Joyce, “Realism and Idealism in English Literature”; Rousseau, Émile, The Social Contract, Projected Constitution for Corsica, Discourse on the Origins and Foundations of Inequality among Human Beings; Karl Marx, (…)
-
Derrida (1999) – crimes contra a humanidade
13 de março, por Cardoso de Castrodestaque
Mesmo que palavras como "crime contra a humanidade" façam agora parte da linguagem quotidiana. Este acontecimento foi, ele próprio, produzido e autorizado por uma comunidade internacional numa data específica e de acordo com um padrão específico da sua história. Uma história que se entrelaça, mas não se confunde, com a história de uma reafirmação dos direitos humanos, de uma nova Declaração dos Direitos do Homem. Esta espécie de mutação estruturou o espaço teatral em que se (…) -
Polt (2013:31-33) – primazia do pertencimento
1º de outubro, por Cardoso de CastroUsarei a palavra pertencimento para sugerir uma série de fenômenos relacionados que, em última análise, de acordo com Heidegger, resultam do acontecimento da apropriação [Ereignis]. Podemos indicar esses fenômenos por meio de um contraste com o pensamento teórico tradicional.
A teoria busca o universal, o que é idêntico nas múltiplas particularidades. Ao ver os particulares sub specie aeterni, nós os descontextualizamos e supostamente identificamos seus aspectos que são independentes de (…) -
Derrida (1987:38-41) – indiferença [Indifferenz; Gleichgültigkeit]
15 de fevereiro, por Cardoso de CastroMarcondes Cesar
Cada vez que se encontra a palavra “espírito” nesse contexto e nessa série, dever-se-ia assim, segundo Heidegger, reconhecer aí a mesma indiferença: não só quanto à questão do ser em geral [28] mas quanto à do ente que somos, mais precisamente, quanto a esta Jemeinigkeit, este sempre-ser-meu do Dasein que não remete, de início, a um eu ou a um ego e que teria justificado uma primeira referência — pendente e finalmente negativa — a Descartes. O ser-meu faz do Dasein algo (…) -
Derrida (2016:454-456) – logos na tradição cristã
13 de fevereiro, por Cardoso de CastroMais interessante ainda para nós, nesse contexto, seria o modo como Heidegger, no mesmo movimento interpretativo — e a interpretação do logos também é uma espécie de exercício de [454] força ou de violência, de Gewalt —, [o modo como Heidegger] situa e interpreta o conceito cristão de logos no Novo Testamento, aquele mesmo que eu evoquei no começo quando citei o incipit do Evangelho de João, “En arche ên o logos. In Principium erat verbum [No começo era o verbo (logos) e o logos era Deus]”. (…)
-
Derrida (2016:451-454) – logos
13 de fevereiro, por Cardoso de Castro[…] Heidegger que diz, eu lembro, em Introdução à metafísica, que não é senão tardiamente, depois do acontecimento (Geschehnis), depois da aparição consciente, ciente, sapiente (die wissende Erscheinung des Menschen als des geschichtlichen) do homem como homem historial, que não foi senão depois dessa acontecimentalidade historial, e, portanto, tardiamente, que se definiu (Heidegger coloca a palavra entre aspas: “definiert”) o homem por meio de um conceito (in einem Begriff) e que esse (…)
Notas
- Derrida (1987:41-42) – Gemüt
- Derrida (2005:120) – A honra da razão — será isso razão?
- Derrida (2008:147-148) – A Lei e o Crime são próprios do homem
- Derrida (2008:154-155) – O “irreconhecível” é o começo da ética, da Lei, e não do humano
- Derrida (2008:174-175) – homem, sujeito do significante
- Derrida (2008:338) – Unheimlichkeit
- Derrida (2008:339-340) – o "poder" do homem e do animal
- Gadamer (VM2:384-385) – sentido do ser
- Husserl (1954:369-370) – horizonte e linguagem
- Krell (2013:3-4) – discurso apofântico
- Moran (2000:461) – dívida de Derrida para com Heidegger
- O Fabuloso [JDBS1]
- Rorty (1999:16) – Heidegger e Derrida como filósofos pós-nietzschianos
- Ruin (2019:18-20) – lembrança do morto
- Sallis (1990:18-19) – pré-filosofia em Ser e Tempo
- Zarader (2000:224-225) – espírito [Geist]