Bedau & Cleland: a questão da vida ainda é filosófica…

BEDAU, Mark A. & CLELAND, Carol E. (ed.). The Nature of Life: Classical and Contemporary Perspectives from Philosophy and Science. Cambridge: Cambridge University Press, 2010, p. xix.

nossa tradução

Os filósofos têm ponderado a questão “o que é vida?” desde pelo menos a época do antigo filósofo grego Aristóteles. Nos últimos anos, a questão assumiu crescente importância científica. Biólogos e bioquímicos que investigam a origem da vida ou tentam sintetizar a vida química em laboratório a partir de blocos moleculares básicos querem saber em que estágio um conjunto de moléculas não-vivas se transforma em um ser vivo primitivo. Os astrobiólogos encarregados de projetar pacotes de instrumentos para espaçonaves para detectar vida extraterrestre lutam com a questão de quais características da vida familiar na Terra (metabolismo? reprodução? evolução darwiniana? química baseada em carbono?) são indicadores universais da vida. Até os cientistas da computação se veem atolados em perguntas sobre a natureza da vida quando especulam se sistemas reais construídos de software (estruturas puramente informativas ou digitais) ou hardware (metal, plástico e silício) poderiam literalmente estar vivos. Muitas dessas questões prementes são notáveis ​​por sua falta de soluções científicas óbvias; não se pode respondê-las meramente realizando mais experimentos ou construindo sistemas realistas adicionais. Embora surjam da ciência, essas questões são profundamente filosóficas [nossa ênfase em negrito].

Original

Philosophers have pondered the question “what is life?” since at least the time of the ancient Greek philosopher Aristotle. In recent years the question has taken on increasing scientific importance. Molecular biologists and biochemists investigating the origin of life or trying to synthesize chemical life in the laboratory from basic molecular building blocks want to know at what stage an ensemble of nonliving molecules turns into a primitive living thing. Astrobiologists charged with designing instrument packages for spacecraft to detect extraterrestrial life struggle with the question of which characteristics of familiar Earth life (metabolism? reproduction? Darwinian evolution? carbon-based chemistry?) are universal indicators of life. Even computer scientists find themselves mired in questions about the nature of life when they speculate whether lifelike systems constructed of software (purely informational or digital structures) or hardware (metal, plastic, and silicon) could ever literally be alive. Many of these pressing questions are notable for their lack of obvious scientific solutions; one cannot answer them merely by performing more experiments or constructing additional lifelike systems. Although they arise out of science, these questions are deeply philosophical.