O horizonte de indagação filosófica deixa de estar exclusivamente ligado ao problema posto pela experiência maciça do ser. Na verdade, é a presença maciça e absolutamente problemática do ser que mobiliza o pensamento pré-socrático. Todo o seu esforço estava concentrado na procura da αρχή, isto é, de um princípio, origem e proveniência dos entes no seu todo. A questão filosófica do ser reparte-se, contudo, com Aristoteles, por diversas frentes de investigação. Mas, a despeito da diversidade de ontologias regionais e das respectivas formas específicas de acesso, podemos perceber que todas elas cabem dentro de uma distinção fundamental. A diferenciação entre um horizonte teórico e um horizonte prático e respectivas formas constitutivas de acesso passa agora a redefinir o projecto de investigação filosófico pré-socrático. Em causa está a ἀρχή, mas nos diversos modos como pode ser dita. Fala-se portanto de ἀρχαί, e na verdade interpretadas explicitamente como αἰτίαι. A diferenciação entre os dois modos fundamentais de haver princípio — fundamentos responsabilizáveis pelos entes nos respectivos horizontes — não é, contudo, uma invenção aristotélica mas um dividendo colhido do pensamento platónico. (CAEIRO, 2012, p. 281-282)
Caeiro (2012:281-282) – arche – princípio
- Caeiro (2012:10-11) – ação
- Caeiro (2012:9-10) – Teórico e Prático
- Caeiro (2014:7-8) – o tempo da vida
- Caeiro (2015:10-11) – ação (agir) e produção (fazer)
- Caeiro (2015:11-12) – Saber o que fazer não é suficiente
- Caeiro (Arete:§26) – prazer e depressão no tempo
- CAEIRO: êthos
- Caeiro: Fenomenologia da situação humana