(Jolivet1975)
Ante o perigo de subordinação do objectivo ao subjectivo e o perigo de subordinação do subjectivo ao objectivo, a filosofia preferiu, a partir do século passado, a aventura do segundo, — porque não lhe parecia aventura, — apostando na segurança e na comodidade aparente da positiva objectividade. Mas fácil é notar que o primado do objectivo, como exigência do senso comum laivado de ciência e garantido demonstrativamente pela lógica, é expediente alienante e deturpante do próprio subjectivo, sempre sujeito da opção, e, como sujeito livre, sem medida comum com o universo construído pela conceptualização apropriada ao sólido e maciço. É simplesmente um produto de «má-fé», de duplicidade « nojenta » que subordina, na terminologia de Sartre, o «por-si» ao « em-si», a liberdade à necessidade apodictica, sua construção. O materialismo, uma das consequências, é dedução inevitável quando o ponto de partida é a objectividade, e esta se empresta ao que é apenas ideia, e mesmo ideia geral abstracta, como é o caso da noção de matéria, noção arbitrária, sem conteúdo nem possibilidade de apreensão ou sensível verificação, embora tenha servido para estruturar ideologicamente uma pseudo objectividade aparentemente anti-idealista mas falsamente realista.