Também o tédio não é, para Heidegger, nenhum pássaro onírico que choca o ovo da experiência. Ele é interpretado, igualmente, como um apelo à ação. No tédio, assim como na angústia, o mundo escapa ao ser-aí; isto é, escapa-lhe o ente no todo. O ser-aí recai em um vazio paralisante. Todas as “possibilidades da ação e inação” são recusadas. Heidegger escuta nessa recusa (Versagen), porém, um dizer (Sagen): “O que indica neste recusar-se o ente que no todo se recusa? […] Justamente as possibilidades de sua [do ser-aí] ação e inação”1. A recusa é, simultaneamente, um “anúncio de possibilidades que se encontram a esmo”, do qual o ser humano deve se apoderar com determinação heroica. Do tédio parte um apelo penetrante de se decidir a “agir aqui e agora”. Esse decidir-se “por si mesmo”, ou seja, por ser alguém, é o “instante”2. (ByungVC)
- HEIDEGGER, M. Os conceitos fundamentais da metafísica: mundo, finitude, solidão. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2011, p. 185.[
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- Ibid., p. 196.[
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